Há uma nova igreja cuja construção foi iniciada na zona do Restelo (Lisboa). Feia, a avaliar pela maquete, que se pode ver aqui. Com uma linguagem arquitectónica fora de tempo, no que a este tipo de construção diz respeito. Mesmo admitindo que, depois da discreção a que os templos católicos se remeteram na década de 60, as igrejas devem ter uma arquitectura que as diferencie do tecido urbano, esta é uma linguagem de imposição e não de diálogo, como diz o arquitecto Diogo Lino Pimentel na mesma notícia. Também a conjugação dos diversos corpos não funciona: um minarete de mesquita, um barco cortado a meio, um edifício de serviços a surgir do corte... Não vale tudo, mesmo quando um projecto é oferecido. Não há por aí outro arquitecto que ofereça outro projecto?
Já agora: usar o argumento de que a Igreja de São Vicente de Fora está fechada e precisa de obras (como se dizia aqui, citando o Fórum Cidadania Lisboa, pelo qual tenho grande respeito), é despropositado... As igrejas que precisam de obras devem ser recuperadas. Mas uma coisa tem que impedir outra, ainda por cima em locais diferentes da cidade? O projecto e a linguagem são outra discussão - e é essa que vale a pena.
Quem paga esta igreja? Se há dinheiro para construir uma nova, porque é que não há para fazer obras nas antigas, especialmente um edifício da importância histórica de S. Vicente?
ResponderEliminarA novidade das igrejas contemporâneas, que choca muitas vezes com definições preconcebidas do que seja uma construção religiosa, explica-se pelas tendências da própria arquitectura dos nossos dias, em particular pela utilização de novos materiais como o cimento ou o vidro, com primazia para o aspecto funcional. É evidente que neste campo é muito difícil delimitar fronteiras, saber o que é adaptar-se a novas circunstâncias sem ter de abdicar da função especifica de uma igreja.
ResponderEliminarA resistência a uma adaptação a novas necessidades e circunstâncias revela-nos o carácter delicado da questão “igreja moderna”, por assim dizer. Pode tornar-se complicado inserir a especificidade de uma igreja numa cidade cada vez mais alheia aos valores que o edifício religioso encerra e transmite, seja nas suas formas tradicionais, seja em novas formas e materiais.