O Papa Bento XVI saindo de helicóptero do Vaticano, em direcção a Castelgandolfo,
a 28 de Fevereiro de 2013, dando início ao período de sede vacante
(foto da Fondazione Joseph Ratzinger, reproduzida da página da Fundação no Facebook)
a 28 de Fevereiro de 2013, dando início ao período de sede vacante
(foto da Fondazione Joseph Ratzinger, reproduzida da página da Fundação no Facebook)
A 11 de Fevereiro de
2013, pouco depois de ter sido conhecida a notícia da resignação do Papa Bento
XVI e sob o título A grande ruptura, escrevi neste mesmo
blogue:
“O grande teólogo, o
intelectual que ficaria na história da Igreja apenas como Papa de transição, o
homem que não tinha jeito para o governo da Igreja e teve que lidar com mão de
ferro na questão dos abusos sexuais do clero, acaba por introduzir uma grande
ruptura no catolicismo: ao dizer que deixará o governo da Igreja no final deste
mês, Bento XVI introduz um precedente (mesmo se já houve resignação de um Papa
na história do catolicismo): a partir de agora, nada será como dantes. ”
Cinco anos depois,
muita coisa mudou. Para muitos, a mudança foi demasiada. Para outros, ela é
ainda curta. Hoje, no DN, sob o
título Tudo mudou com Francisco. Mas esta
Igreja é a mesma morada de Bento XVI, num trabalho de Miguel Marujo sobre o
que mudou no papado e na Igreja Católica nestes cinco anos, escreve-se:
“Há cinco anos,
quando o Papa Bento XVI resignou, o seu gesto inesperado apanhou a Igreja
Católica de surpresa – é preciso recuar seis séculos, a 1415, para encontrar
idêntica atitude em Gregório XII.
Os cardeais que
escutavam (a 11 de fevereiro de 2013) o seu discurso em Latim não acreditavam
no que ouviam - e só uma jornalista da agência italiana Ansa percebeu o texto
original. Cansado da Cúria Romana, frágil para forçar alterações necessárias ao
governo do Vaticano, Bento XVI retirou-se, oficializando a abdicação a 28 de
fevereiro.”
(o texto pode ser
lido aqui na íntegra)
No mesmo trabalho
fala-se de como o Papa emérito tem vivido esta última fase da sua vida,
admitindo o declínio físico na sua peregrinação para “Casa”.
Também nas mesmas
páginas do DN, o bispo Carlos Azevedo, delegado no Conselho Pontifício da
Cultura, escreve num comentário:
“Grave será que alguns transformem a obediência ao Papa,
defendida na sua lógica, em um concordismo autocentrado e seletivo de opões a
seu gosto e não em autêntico acatamento do único Bispo de Roma que existe e se
chama Francisco. Confundem sensibilidades de pequenos grupos com o bem da
Igreja. Não entenderam a fé cristã como peregrinação, disponível ao confronto
com novas questões. Para ser fiel à sua missão a Igreja deve renovar-se
continuamente, em diálogo com outras religiões, confissões cristãs e com a
cultura contemporânea. Assim, pode contribuir para uma abertura aos valores
perenes da Transcendência. ”
(texto aqui na íntegra)
No Crux, John Allen escreve sobre a
desconstrução do forte “papado imperial” como uma das mais fortes marcas do
Papa Francisco, na sequência do que se passou no último século (para ler na
íntegra, aqui, em inglês)