Secularização, feliz sinal dos tempos
Leonor Xavier, jornalista e escritora, membro do Movimento Internacional Nós Somos Igreja
I – A expressão leva-me a pensar em algo que tem que ser revisto na atitude de cada homem e de cada mulher em relação ao entendimento da vida e da morte, na experiência religiosa. Leva-me a regredir na história do mundo, quando a Palavra de Jesus abalou a realidade assente na expressão do poder, que era a do seu tempo e lugar, e fez do amor uma revolução verdadeira. Leva-me a pensar na dimensão misteriosa e infinita da fé, como iluminação de vida. A Nova Evangelização é uma maneira de dizer esse infinito de descobertas possíveis quando a prática de todos os dias deixou de ser o cumprimento formal do culto ou o ritual sempre repetido sem mudanças, porque a toda a hora e nas mais variadas circunstâncias deste mundo nos exige uma interior profissão de fé. Não só na consciência de Jesus em nós, mas na certeza de que a Palavra é universal, que é para todos e todas, além das diferenças sociais, culturais, ideológicas, religiosas. A Nova Evangelização faz-me pensar num compasso de pausa e de silêncio, na tumultuação dos dias.
II - A secularização é, sim, um feliz sinal dos tempos, em que a vivência religiosa deixou de ser um constrangimento de normas acordadas e de regras impostas para se tornar uma experiência de testemunho e liberdade.
III - A Igreja poderá ter papel principal na sociedade do nosso tempo, quando o nome de Jesus for presença constante no seu ministério. Quando, em vez de condenar e excluir, chame e envolva e inclua. Quando reconsiderar o celibato dos padres ou a não ordenação das mulheres, a condição dos divorciados e dos homossexuais. Que pena a atitude radical da Igreja nestes pontos, em contraste com a sua intervenção no plano da educação e da assistência.
IV - Para Portugal, a Nova Evangelização pode passar pelo diálogo inter-religioso, em públicas ocasiões, auditórios abertos, em que opiniões e vivências opostas ou diferentes se possam exprimir sobre temas diversos. Pode passar pela intervenção na cultura, através das várias disciplinas de criação e autoria, de atuação e arte.
1 comentário:
Celibato sacerdotal é disciplina, mas é uma grande graça para a Igreja.
A nõa ordenação de mulheres é doutrina e não pode ser mudado. Ordenação de mulher feita por quem seja é simulação de sacramento.
Oscar Júnior
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