domingo, 30 de agosto de 2015

Eleições e ética, plágio e desonestidades

Crónicas

No texto deste sábado, no DN, Anselmo Borges escreve Sobre as eleições, tendo em conta o calendário eleitoral que se avizinha:

Urgência maior é a formação ética, moral, para os valores, que não são redutíveis ao valor do dinheiro. Sem valores éticos assumidos, remetemos constantemente para a política, para as leis, para a regulação, para os tribunais... Mas então só fica a lei e a sua sanção. Ora, não é possível legislar sobre tudo e, sobretudo, acabaria por ser necessário pôr um polícia junto de cada cidadão para que cumpra a lei; como os polícias também são humanos, seria preciso pôr um polícia junto de cada polícia. Juvenal viu bem: Custos custodit nos. Quis custodiet ipsos custodes? (A guarda guarda-nos. Quem guardará a própria guarda?).
(texto integral aqui)


Na crónica de sexta no CM, Fernando Calado Rodrigues escreve a propósito d’O plágio do cardeal, um caso relativo ao arcebispo Juan Luis Cipriani, do Peru:  

Plagiar alguém é sempre um comportamento abjeto e condenável. Não há forma de o justificar nem de o escamotear. Mas fazê-lo em textos publicados on-line, para além de ser desonesto, é imbecil. Se por um lado a internet e os motores de pesquisa permitem o acesso fácil a muita informação, também permitem detetar facilmente a apropriação indevida das ideias de outra pessoa. Pelo que quem se habituou a copiar as ideias dos outros o melhor é não disponibilizar os “seus” textos on-line, porque rapidamente poderá ser apanhado. Quando tal acontece, é preferível reconhecer que errou, sem tentar justificar-se.
(texto integral aqui)

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Construir a cidade da paz e da dignidade humana - reflexão sobre as cidades da Bíblia e as cidades contemporâneas

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Taizé: construir a cidade da paz e da dignidade humana

Reflexão sobre as cidades da Bíblia pode ser referência para a vida dos cristãos nas cidades contemporâneas


 foto LFS/Agência Ecclesia

As cidades da Bíblia podem ser símbolos dos actuais paradoxos dos centros urbanos? Maurizio Tira, professor universitário de Planeamento Urbano na Universidade de Brescia (Itália), cita os exemplos da cidade construída por Caim depois de ter morto o seu irmão, e da cidade do Apocalipse, a “nova Jerusalém”, para dizer que a cidade pode ser lugar de protecção, identificação e beleza, mas também de isolamento, anonimato e pobreza.
Num dos debates, em Taizé (Borgonha, França), no encontro Por uma Nova Solidariedadeque marcou as celebrações dos aniversários da comunidade, o académico italiano referiu a dimensão simbólica da cidade bíblica como referência para a presença cristã nas cidades.
“Devemos perguntar se é possível construir a cidade da paz e a cidade que promove a dignidade humana”, diz, em declarações à Ecclesia, em Taizé, o professor de Planeamento Urbano.
Maurizio Tira recorda que, actualmente, a maioria das pessoas vive em cidades, mesmo pequenas. E, apesar de as cidades ocuparem apenas dois por cento da área do planeta, 70 por cento do lixo produzido tem origem nas cidades.

A cidade é ainda um sítio de grandes desigualdades: “O planeamento urbano não preveniu o crescimento da pobreza e das desigualdades”, afirma.
(o texto pode continuar a ser lido aqui)

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José Ornelas Carvalho, uma missão em Angola "trocada" por Setúbal


Padre José Ornelas Carvalho 
(foto reproduzida daqui)

O padre José Ornelas Carvalho, superior-geral dos Padres Dehonianos até Junho deste ano, foi nomeado nesta segunda-feira como novo bispo de Setúbal.
Preparava-se, depois de deixar o cargo que ocupou desde 2003, para ser missionário em Angola. “Queres ir em missão, a tua missão vai ser em Setúbal”, disse-lhe o Papa, segundo contou o próprio à Ecclesia, depois de ter sido convocado para um encontro pessoal, no qual lhe pediu para aceitar o cargo de bispo de Setúbal.
Biblista de formação, José Ornelas já antes se vira de voltas trocadas, como contava, há cinco anos, num curto perfil que escrevi no Público (1 de Maio de 2010) e no qual falava também da sua relação com a cidade de Roma. Reproduz-se a seguir esse texto:

Mãos na Bíblia e o espanto no Panteão

O padre José Ornelas Carvalho, nascido em 1954 em Porto da Cruz (Madeira), gosta de Roma, do cruzamento de civilizações e movimentos de todo o género que aqui se vê. A cidade é "fácil de viver, é internacional, multicolor, mesmo dentro da Igreja". Mas também tem dificuldades: “Por exemplo, a impressão de 'nadar' em água benta.”
Numa das suas primeiras visitas como superior-geral dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, ou dehonianos (do nome do fundador, no século XIX, o francês Léon Dehon), José Ornelas esteve no Congo. Foi no pós-guerra civil e nada fácil: apanhou tifo e malária ao mesmo tempo, sentiu “o sofrimento e a dificuldade de poder ajudar”.
Teve de “aceitar que não se pode fazer tudo”, vendo a fome e a miséria. “É uma realidade dramática onde se toca o mais doloroso da humanidade.” Padre desde 1981, José Ornelas decidira ser missionário. Ainda viu as revoltas dos musseques em Luanda, viveu a independência de Moçambique (“Vi depois o descalabro do sonho, os campos de concentração, as nacionalizações...”), acabando em Roma, em 1976, para se doutorar em Bíblia.

As mulheres nas religiões; a política, a ecologia e Taizé na voz do Papa

Crónicas

Na sua última crónica no DN, sábado passado, Anselmo Borges escrevia sobre As mulheres nas religiões:

O Papa João Paulo I disse que Deus tanto é Pai como Mãe e, estando para lá do sexo, também poderia ser representado como mulher. O Vaticano não gostou. Mas é neste contexto do feminino e Deus que se conta uma estória. Ao contrário do que se lê e diz, Deus criou primeiro Eva e não Adão. Eva aborrecia-se, sentia-se só e pediu a Deus alguém semelhante a ela, com quem pudesse conviver e partilhar. Deus criou então Adão, mas com uma condição: para não ferir a sua susceptibilidade, Eva nunca lhe diria que foi criada antes dele. "Isso fica um segredo entre nós..., entre mulheres!"
(o texto completo pode ser lido aqui)


Na semana anterior, a crónica era a segunda parte do texto Voz político-moral global (cuja primeira parte pode ser lida aqui): 

A encíclica Laudato si" ficará na história como a Magna Carta da ecologia integral, afirmando o teólogo X. Pikaza que "talvez não haja um documento da Igreja Católica que vá ter mais influência que esta encíclica".
Francisco acaba de designar o dia 1 de Setembro como Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. A encíclica foi louvada pelo secretário-geral da ONU, a FAO declarou que "nunca um papa falou tão directamente sobre o meio ambiente e com tanta credibilidade moral". Obama, que acaba de tomar medidas ecológicas históricas, citou o Papa, assegurando que a luta contra as mudanças climáticas "é uma obrigação moral". 
(o texto completo pode ser lido aqui)


Também a propósito da encíclica papal sobre o ambiente, escreveu Fernando Calado Rodrigues na sua crónica do CM, com o título Oração ecológica:

O Papa Francisco estendeu ao mundo católico uma Jornada de Oração Mundial pela Criação, já celebrada pelos Ortodoxos. A partir deste ano, no dia 1 de setembro os católicos juntam-se aos ortodoxos para rezarem pelo ambiente. O Papa pretende que outras confissões cristãs, como os evangélicos e os anglicanos, se associem também a esta iniciativa. Deste modo, para além de um dia dedicado à ecologia, ele pretende que esta Jornada seja também ecuménica, de unidade entre todos os seguidores de Cristo.
(o texto completo pode ser lido aqui)


Na última sexta-feira, o mesmo autor escrevia sobre O Papa e Taizé, a propósito das celebrações deste ano na comunidade ecuménica, que têm sido referidas neste blogue:

“Ao buscar com paixão a unidade da Igreja Corpo de Cristo, o irmão Roger abriu-se aos tesouros depositados nas diversas tradições cristãs, sem com isto romper com a sua origem protestante. Pela perseverança que demonstrou durante a sua longa vida, ele contribuiu para modificar as relações entre cristãos ainda separados, traçando para muitos um caminho de reconciliação”, escreveu o Papa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Enfrentar a fragilidade da doença e treinar líderes para o serviço, experiências portuguesas em Taizé

Animadores do grupo Terceiro Dia e da Academia Ubuntu falaram das suas experiências



Uma Árvore da Vida com mãos de diferentes culturas e gerações, 
na exposição Artogether, que este Verão pode ser vista em Taizé

Foi na sequência de uma recidiva de um cancro que Mariana Abranches, 43 anos, arquitecta paisagista, pensou que precisava de um grupo assim: pessoas que passassem por doenças graves, mas com vontade de vencer os problemas que a situação provoca.
Surgiu, assim, o Terceiro Dia, grupo que reúne actualmente 16 pessoas, com várias doenças: cancro da mama, doença de Gilbert, Alzheimer, artrite reumatoide... Em comum, têm ainda a profissão de fé cristã.
“Procuramos o melhor caminho para a aceitação da realidade da doença e para nos encontrarmos como pessoas”, diz Mariana.
Chama-se Terceiro Dia, numa alusão à ressurreição de Jesus. Foi uma das experiências portuguesas apresentadas em Taizé (Borgonha, França), nos últimos dias, no âmbito do encontro Por uma Nova Solidariedade.
Na semana de 9 a 16 de Agosto, o encontro assinalou os 100 anos do nascimento do fundador de Taizé, o irmão Roger, bem como os dez anos da sua morte e os 75 anos da sua chegada à aldeia.

A fundadora do grupo diz agora à ECCLESIA que não esquece o que atravessou: um cancro da mama com duas recidivas, uma filha que teve de fazer quimioterapia entre os dois e os quatro anos (hoje, com dez anos, está bem), “pessoas que diziam coisas horrorosas, como de que Deus devia gostar muito de mim, para me fazer sofrer e me pôr à prova desta maneira”.
(O texto pode continuar a ser lido aqui)

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