quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Taizé e a nova solidariedade: Europa só crescerá se acolher quem a procura, diz patriarca

Comunidades religiosas italianas ecoaram fortemente o apelo do Papa para abrirem instalações em desuso a quem precisa


Imigrantes africanos no Mediterrâneo (foto reproduzida daqui)

A Europa só crescerá na medida em que for capaz de acolher as pessoas que a procuram, afirmou o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, numa conferência de imprensa segunda-feira, em Taizé. O cardeal-patriarca de Lisboa está em Taizé, a comunidade ecuménica de monges, acompanhando meia centena de jovens do patriarcado.
Durante esta semana, decorre em Taizé o encontro Por uma Nova Solidariedade, que assinala os 100 anos do nascimento do irmão Roger, fundador de Taizé, e os 10 anos da sua morte (16 de Agosto de 2005) e os 75 anos da sua chegada à aldeia para fundar a comunidade, que reúne monges católicos e protestantes.
Carlotta Carpi, responsável do JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados) afirmou à ECCLESIA que o apelo do Papa Francisco, para que as congregações e ordens religiosas ponham à disposição dos refugiados, pobres e migrantes instalações menos utilizadas, teve eco em Itália: “Várias comunidades contactaram o JRS [Serviço Jesuíta aos Refugiados] para oferecer disponibilidade de quartos ou de instalações que já não utilizavam.”
Carlotta Carpi, que participa também nesta semana especial em Taizéacrescenta que, em Itália, o apelo do Papa levou as comunidades a questionar-se fortemente.

O JRS está agora a iniciar um projecto para o segundo acolhimento; ou seja, pessoas que já têm uma ténue forma de integração social, são acolhidas em centros especiais, pagando uma renda simbólica.
“O acolhimento a refugiados, em Itália, é muito limitado.” Por isso, este projecto adquire ainda mais importância, acrescenta aquela responsável.
Recuando dois anos no tempo, Carlotta Carpi diz que a viagem do Papa à ilha de Lampedusa, onde chegam muitos refugiados vindos da costa africana, “deu motivação às pessoas do lugar para se organizarem”. E deu também, a muita gente, a consciência da importância de acolher refugiados que chegam.
O problema da chegada de imigrantes à Europa deve ser resolvido pelos políticos mas também pelos povos europeus, disse D. Manuel Clemente, na segunda-feira, na mesma conferencia de imprensa.
Perante jornalistas de diferentes países – entre os quais, Polónia, França ou Holanda– o patriarca acrescentou que, para Portugal, a questão das migrações não é de hoje, mas de sempre. Mas, admitiu, se os imigrantes estão bem integrados, também há quem tenha “medo” de que eles venham “roubar” o emprego.

“A Igreja também contribui, nas paróquias da periferia de Lisboa, para os integrar na vida das comunidades ou na catequese”, acrescentou D. Manuel.

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