terça-feira, 27 de janeiro de 2004

Miklos Fehér

Diante do espectáculo da morte
- da morte dada em espectáculo -
ainda há lugar para descobrir
... a morte.
Impossível dissimular,
fazer de conta.

Como um raio, tudo se desvanece
e fica ela, desafiante, procadora,
embrulhada num sorriso doce.

De súbito, quem se agredia abraça-se,
quem delimitava os campos
descobre que um só campo existe,
comum.

Repentinamente,
é o acordar para a fragilidade,
a membrana fina
que separa de um além misterioso e inelutável,
para o sem-sentido de tanta coisa,
de tanta tralha
com que carregamos os dias.

Esta vida que se desvela,
e que nos descobre;
esta terra comum de quem se descobre
despido e solidário
não será o sinal
de que "a vida não acaba,
apenas se transforma"?

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