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Vitral em Charleston, Carolina do Sul. |
A leitura do Evangelho de hoje - a parábola do filho pródigo - leva, habitualmente, a prestar atenção ou ao filho que volta ou ao pai que o espera e acolhe e festeja o seu regresso. Mas a reacção do outro filho bem comportado - que fica enciumado, super-zangado e incapaz de fazer a festa - não deixa de merecer reflexão:
«'Há já tantos anos que estou contigo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo.'
O pai respondeu-lhe: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.'»
(Ler o texto em Lucas 15,1-32)
1 comentário:
A parábola do filho pródigo é o tema tratado este ano em Olinda (a parte de Taizé reservada às famílias). A peça de teatro inclui uma grande festa no final, no princípio da qual o irmão mais velho está num canto do pavilhão, de costas voltadas para a festa. O mais curioso é que alguns miúdos foram consolar o irmão mais velho, dizendo-lhe: "deixa lá, o teu irmão é parvo. Eu bem sei como te sentes, lá em minha casa passa-se o mesmo".
A Françoise Dolto, num livro delicioso chamado "l'Évangile au risque de la psychanalyse" fala da atitude deste irmão mais velho: aquele que se sacrifica, que aceita a velha ordem sem se questionar, e que quer fazer do pai um refém deste sacrifício. Uma atitude que é a antítese da liberdade humana.
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