Foi
bispo do Porto num “momento de transição” em Portugal e na Igreja Católica:
António Barroso, nascido em Barcelos em 1854, foi bispo do Porto entre 1899 e
1918; antes disso, tinha sido missionário em Angola, Moçambique e Meliapor
(Índia). Em 1889, dez anos antes da sua nomeação para bispo do Porto, fez uma
conferência na Sociedade de Geografia de Lisboa, partindo da sua experiência na
missão de São Salvador do Congo, na qual criticou diversos comportamentos de
colonos portugueses em África e defendeu a presença de mulheres (religiosas)
nas missões católicas.
A
conferência, onde também advogou que o missionário deveria ter o crucifixo numa
mão e a enxada na outra, valeu-lhe acusações várias de diversos sectores, quer
católicos, quer políticos.
Perseguido
depois pela I República, por causa da sua oposição às normas da Lei de
Separação, Barroso foi bispo num tempo de passagem de um mundo rural para a
primeira industrialização, como recorda Paulo Fontes, director do Centro de
Estudos de História Religiosa (CEHR), da Universidade Católica. A nação perdera
o Brasil e tentava redefinir-se com o seu império africano, o país procurava
olhar para o futuro, apareciam novos sectores urbanos e novos protagonismos e
sociabilidades.
No
próximo dia 31 de Agosto, completa-se um século sobre a data da morte de
António Barroso, aos 63 anos. Na iminência da sua beatificação, cujo processo
já foi iniciado, a Universidade Católica Portuguesa levou a efeito um colóquio
científico sobre a sua personalidade. Aqui pode ouvir-se uma entrevista (12
minutos) de Manuel Vilas Boas ao director do CEHR, a propósito desse colóquio, sobre
a personalidade de António Barroso.
(foto acima reproduzida daqui)
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