quinta-feira, 28 de junho de 2018

Resto do Mundo, 72 – Europa, 53. E estes números dizem muito sobre o Papa



A cúpula da Igreja Católica fica hoje recomposta, 
com a nomeação de 14 novos cardeais, entre os quais o bispo de Leiria-Fátima, António Marto
 (na foto, a cúpula da Basílica de São Pedro, terça à noite) 

Regresso por uns dias às páginas do Público. A propósito do consistório que esta tarde decorre em Roma, com a nomeação de 14 novos cardeais – entre os quais o português António Marto, bispo de Leiria-Fátima –, procuro analisar o que as escolhas significam, tendo em conta a personalidade do Papa.

As estatísticas podem ser importantes na hora de olhar para a recomposição do colégio de cardeais feita pelo Papa. Uma análise aos números e a alguns nomes que traduzem as opções de Francisco.

Neste caso, alguns números traduzem factos importantes: a partir desta quinta-feira, passará a haver 72 cardeais do resto do mundo, na composição do colégio que, num eventual conclave, decidirá a eleição de um futuro Papa. O grupo de cardeais da Igreja Católica está cada vez mais universal e a Europa já “só” tem 53 (dos quais 22 italianos, o país com maior peso).
Os cardeais eleitores de um novo Papa passarão a ser 125 (pelo menos até Janeiro do próximo ano, se ninguém morrer até lá, pois nessa altura um deles completa os 80 anos, deixando de ser eleitor num conclave). A constituição que regula a matéria estabelece um máximo de 120, mas desde João Paulo II que esse tecto é sempre ultrapassado, na hora de nomear novos cardeais.
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)

Em relação à nomeação de António Marto como cardeal e do padre José Tolentino Mendonça como novo responsável da Biblioteca e Arquivo do Vaticano, escrevi um comentário onde pretendo reflectir a dimensão estritamente pessoal do Papa que ambas as nomeações traduzem:

Duas escolhas pessoais. “Apenas” isso
De repente, o Papa Francisco e o Vaticano dão importância ao catolicismo português? Depois da nomeação do bispo de Leiria-Fátima para cardeal – a formalizar no consistório desta quinta-feira à tarde –, e da escolha do padre José Tolentino Mendonça para dirigir a Biblioteca e o Arquivo do Vaticano, parece que Portugal está na moda também na Santa Sé.
Desengane-se quem olhe para estas escolhas com uma perspectiva mais ou menos nacional-católica: em ambos os casos, elas são “apenas” escolhas pessoais do Papa. A coincidência temporal é só isso.

E poucos minutos antes de se iniciar o consistório, registo as declarações do novo cardeal aos jornalistas, aqui, falando sobre a tragédia humanitária que se pode abater sobre os refugiados. Declarações que vêm aliás, na continuidade da entrevista que concedeu ao Público.

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