" (...) Desde o início que os bispos americanos subestimaram a dimensão e gravidade do problema. Antes de 1993, apenas um terço das vítimas se apresentaram para relatar o abuso às respectivas dioceses, de modo que nem mesmo a Igreja sabia o quão grave a crise se desenhava. A maioria das vítimas não quer que outros saibam que eles foram vítimas de abusos, especialmente os seus pais, cônjuges, filhos e amigos. A cobertura mediática dos abusos do clero incentivou e capacitou as vítimas a manifestrar-se e a descobrirem que não estávamos sozinhas.
Hoje, os europeus estão chocados com as centenas de casos que vêm sendo relatados. Devem preparar-se para milhares. Nos Estados Unidos, mais de 5.000 sacerdotes, ou 4 por cento do clero, foram responsáveis por 13.000 denúncias ao longo de um período de 50 anos. Não há nenhuma razão para pensar que a Europa seja diferente. Espere-se o melhor, mas façam-se as contas e esteja-se preparado.
O maior erro de cálculo dos bispos americanos foi feito a pensar que a crise iria passar em poucos meses.
Aninhar-se e esperar que a tempestade passe é uma estratégia errada. A não ser que se queira ir para uma crise muito prolongada, como nos Estados Unidos, os bispos europeus têm de ser transparentes e encorajar as vítimas a apresentar queixa agora. É melhor pôr cá fora todas as más notícias o mais rapidamente possível do que dar a aparência de uma tentativa de encobrimento.
Uma escola dos jesuítas, em Berlim, fez a coisa certa. Teve conhecimento de sete casos de abuso. Tornou-os públicos, contratou uma advogada para passar a pente fino os seus arquivos e lidar com as vítimas, e depois escreveu aos antigos alunos pedindo às vítimas que se manifestassem. Quando, pelo menos, 120 vítimas se manifestaram dizendo que tinham sido abusados naquela escola jesuíta da Alemanha, os insensatos acharam uma loucura a escola ter-se antecipado com aquelas medidas. Mas não se tratou apenas da atitude mais cristã a ter; foi igualmente uma inteligente acção de relações públicas. Agora ninguém acusa a actual administração da escola de esconder o assunto. Além disso, em lugar de três a cinco anos de má publicidade com uma vítima atrás da outra a aparecer, eles vão ter alguns meses de publicidade negativa até que os media se virem para outro assunto.
Os bispos americanos também cometeram o erro de culpar os media. Em contrapartida, acusaram a cultura permissiva e procuraram reduzir o alcance dos abusos clericais, apontando que há 90.000 a 150.000 casos de abusos sexuais por ano, nos Estados Unidos. Embora isso seja verdade, é contraproducente para os bispos apostar nestes argumentos, que são entendidos como desculpas. Pelo contrário, os bispos devem condenar o abuso, pedir desculpas e pôr em prática políticas para se certificarem de que as crianças estão seguras. Pedir uma vez desculpas não basta. Como um marido que foi infiel à sua esposa, eles devem pedir desculpas, desculpas, desculpas.
Finalmente, os bispos americanos desculparam-se, dizendo que cometeram erros, mas não foram culpados, dada a sua ignorância. Isso não pega. Os católicos norte-americanos queriam que alguns bispos se levantassem e dissessem: "Eu cometi um erro, mudei o padre para outra paróquia, achei que ele não iria abusar novamente, fui mal aconselhado, mas assumo plena responsabilidade. Lamento e demito-me. "
Se 30 bispos dos Estados Unidos tivessem feito isso, a crise não teria ido tão longe como foi. As pessoas teriam dito: "Bom, é isso que os líderes devem fazer. Eles entenderam. Com um novo bispo, podemos arrepiar caminho e seguir em frente.(...) "
Para ler o texto na íntegra: AQUI
Ver ainda no mesmo número da revista:
- The Millstone
- Vatican Goes on Defense in Response to Media Reports.
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