Poderíamos, assim, formular a pergunta básica que estava por detrás de todas estas discussões: a Igreja deveria agarrar-se a esta atitude mental antimodernista, prosseguir na linha do isolamento, da condenação, da defensiva, até à rejeição quase angustiada da novidade, ou deveria antes, após definir os limites necessários, abrir uma nova página e, de uma forma positiva, ir ao encontro das suas origens, dos seus irmãos, do mundo de hoje? O facto de uma maioria tão signficativa se ter pronunciado a favor da segunda alternativa conferiu ao Concílio um novo começo. Tornou-se mais do que apenas a continuação do Concílio Vaticano I. Porque quer Trento quer o Vaticano I estiveram orientados para um movimento que visava isolar, securizar, delimitar, enquanto que o presente Concílio, partindo daquilo que já havia sido feito, virou-se para uma tarefa nova.Poderá a alguns, menos conhecedores da trajectória do actual Papa, parecer estranho que tenham sido escritas pelo então padre, teólogo e perito conciliar Joseph Ratzinger. Mas são. E não são das mais 'ousadas', se podemos considerar ousado quem se deixou possuir pelo espírito de abertura e de renovação que varreu a Igreja Católica naquela célebre década de 60, aberta pelo gesto profético de João XXIII.
Já era conhecido que aquele que é hoje Bento XVI escreveu e publicou no seu país de origem um conjunto de quatro extensos relatos e comentários sobre as quatro sessões do Vaticano II, nas quais chega a criticar a rigidez da Cúria romana e a defender uma reforma das estruturas eclesiásticas. A editora Artège acaba de traduzir pela primeira vez esses textos para francês e de os publicar num livro intitulado "Mon Concile Vatican II".
A revista católica La Vie sumaria os seus pontos principais e oferece-nos, em exclusivo, alguns extractos que podem servir de aperitivo à leitura do livro.
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