O padre Anselmo Borges terminou a sua crónica do sábado passado afirmando que Bento XVI deu liberdade para “debater e divergir da sua obra”, “Jesus de Nazaré”. E coloca depois uma questão: “Porque abriu então a Congregação para a Doutrina da Fé um processo à obra igualmente admirável sobre Jesus, de J. A. Pagola, "Jesus. Aproximação histórica", que vendeu 80.000 exemplares e está traduzida para várias línguas? Mas saberá Bento XVI o que se passa?"
A obra está publicada em português pela Gráfica de Coimbra 2 (que parece pouco preocupada em publicitar os seus livros), com o título “Jesus, uma abordagem histórica”.
Com a obra já impressa, surgiram complicações em Espanha (ainda antes da abertura do processo vaticano), pelo que a editora portuguesa distribuiu a obra com um suplemento de 64 páginas intitulado “Uma explicação ao meu livro «Jesus, uma abordagem histórica»”, que inclui um capítulo 15 (o último) totalmente rescrito e algumas novas notas relativas a outras passagens. Numa delas, na primeira versão, Pagola dizia que a expressão “irmãos de Jesus”, como hoje é globalmente afirmado pelos exegetas, refere-se mesmo a irmãos de sangue de Jesus. No suplemento, acrescenta que na cultura bíblica, quando se diz que são irmãos, “a única coisa que se afirma é que têm o mesmo pai”, para salvaguardar a virgindade de Maria.
As principais objecções ao Jesus Cristo de Pagola prendem-se com questões metodológicas e a afirmação de que algumas das instituições e práticas e dogmas da Igreja Católica não remontam a Jesus Cristo.
2 comentários:
Estive a ver o livro e não sabia que tinha dado tanta polémica...
Estou concluindo a leitura desse livro. As reflexões maduras e interessantes, embora claramente influenciadas pelo liberalismo teológico, preservam pontos basilares da fé que são comuns a todos os matizes da cristandade, como a partenogênese e a ressurreição.
Esdras Alexandre
Campinas - Brasil
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