"Dou-me bem com a descrença e com as dúvidas de quem procura. Sinto-me confortável numa conversa entre sensibilidades religiosas diferentes e experimento como um privilégio a amizade com pessoas que não abdicam de procurar o Sentido e a Beleza da Vida e dos Gestos, apesar de não sentirem necessidade de fazerem dessa procura um itinerário religioso. Onde me sinto como peixe fora de água é na terra dos mitos e da beatice, no bairro de lata das mezinhas e das devoções sem outros fundamentos para além do medo e das superstições. Sinto-me triste no território das aparições, dos milagres de trazer por casa, dos gurus que têm uma caixinha mágica dentro da qual transportam o Espírito Santo sempre com eles e das revelações particulares que pouco mais revelam que a particularidade – tantas vezes doentia – de quem as tem.
Há horas em que o que fica para dizer é um desabafo entristecido diante da religiãozeca em que tantas vezes transformamos o Evangelho de Jesus. (...)"
Rui Santiago cssr, in Derrotar Montanhas, 13.12.2011
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