domingo, 11 de novembro de 2012

Evangélicos dizem que recursos para ajudar são cada vez menos e pobreza alastra na Europa


“A situação não é fácil” e “os recursos são cada vez menores para a dimensão das necessidades envolvidas”, diz a Convenção das Assembleias de Deus – representativa da mais importante comunidade que integra a Aliança Evangélica Portuguesa – num comunicado a propósito do Orçamento de Estado para 2013.
No texto, divulgado na quinta-feira, apela-se ao Governo, aos grupos parlamentares do PSD e do CDS e ao Presidente da República para que “envidem todos os esforços, no sentido de evitar uma calamidade social”.
Apesar disso, as igrejas locais das Assembleias de Deus “têm desenvolvido todos os esforços, no sentido de apoiar a população em geral e os seus membros, em particular, que estão a sofrer as consequências diretas da presente crise”.
Os representantes da Assembleia de Deus acreditam “na existência de alternativas resultantes do esforço de todos e que minimizem o drama em que vivem muitas famílias”. No comunicado, acrescenta-se: “Os membros das Assembleias de Deus, em conformidade com o mandato bíblico, continuarão a interceder em favor das autoridades e das decisões que estão a ser estudadas e debatidas, para que exista sabedoria nas opções que serão votadas.”

Uma mancha que alastra na Europa
Nos últimos dias, vieram entretanto a lume vários dados que traduzem o agravamento das condições sociais na Europa. Em França, um relatório do Secours Catholique (SC, a Cáritas francesa) traça um quadro “alarmante”, como caracteriza o semanário La Vie: a pobreza está a aumentar e a atingir cada vez mais as mulheres. De acordo com o relatório “Olhares sobre 10 anos de pobreza”, a proporção de famílias acolhidas pelo SC passou de 47 por cento para 53 por cento, entre 2001 e 2011.
O document aponta outros numerous: 94 por cento dessas famílias vivem abaixo do limiar da pobreza (964 euros) e 68 por cento abaixo do limiar da grande pobreza (644 euros) – em Portugal, segundo os números de 2010, quase 40 por cento dos trabalhadores ganhava em media, 780 euros. Do milhão e meio de pessoas que recorreram ao SC, quase metade eram crianças.
Numa entrevista ao semanário La Viea propósito deste relatório, o presidente do Secours Catholique, François Soulage diz que “há duas atitudes possíveis: ser ‘pelos’ pobres ou estar ‘com’ eles. Estar com eles é reconhecer-se a si mesmo pobre e avançar com humildade naquilo que somos. Contentar-se com o que temos não é entrar num frenesi de consumo”. No trabalho que faz sobre o tema, e que faz a capa do último número, o La Vie chama a Soulage “o agitador católico”, por causa da sua preocupação em recolocar a pobreza na agenda mediática e política.
Em outras zonas da Europa, a pobreza cresce também. Nos seus “Sinais”, dia 9 na TSF, Fernando Alves trouxe-nos a referência a outros dados: na Catalunha há 30 por cento de pessoas já atingidas pela pobreza e outros 20 correm o risco de se lhes juntar. E cita vários avisos: o da Cáritas da região da Alsácia, segundo a qual a pobreza se instala “duradoiramente”; o da conferência da Unicef sobre pobreza infantil, que concluiu que a austeridade não é receita para vencer a crise, que já levou uma em cada quatro crianças europeias a ficar sem pão; e o da Rede Europeia Anti-Pobreza, segundo a qual estamos a assistir à “democratização da pobreza”. Para fechar como se começou, a propósito do OE 2103, a mesma rede avisava, recorda ainda Fernando Alves na sua crónica, que o orçamento irá deixar Portugal com mais de três milhões de pobres. (Foto reproduzida daqui)

1 comentário:

A. Küttner de Magalhães disse...

De facto o momento europeu é muito mau.....estamos a fazer um regresso ao mau passado, de forma assutadora, a vontade de não sabermos ser humanos....e ficarem uns quantos tão obcecados com o dinheiro, o poder.......que se perde tão rapidamente......

Que fazer???????