Em
português, nua é o mesmo que despida; em gaélico, “nua” significa novo, fresco,
puro. A maestrina irlandesa Aoife (lê-se Ifa) Hiney, radicada em Aveiro há vários anos,
traduz assim a polissemia dos objectivos e do repertório do Voz Nua, que fundou
em 2012: voz sem instrumentos e, por isso, pura, fresca, nova (mesmo se, em
quatro temas, o piano está presente, para sublinhar a riqueza e pluralidade
melódica de que a voz é capaz). Neste disco de Natal, o grupo mostra isso
mesmo, dando vida nova a canções que ouvimos muitas vezes. É o caso de Joy to the World, Stille Nacht/Noite Feliz,
Meia Noite Dada, ou até um por vezes
irritante Santa Claus is coming to town,
que aparece aqui com a ternura própria do Natal e um trabalho vocal muito rico.
Mas o disco também revela pérolas puras ou tesouros mais escondidos, como Walking in the air, Hodie Nobis Caelorum ou Suantrai
ár Slánaitheora, belíssima canção de embalar irlandesa que resume o
mistério: “Tu és do meu sangue, meu amor, minha adoração/ Meu pequeno, lindo
filho/ Só eu vou cuidar de ti.” Um disco jubiloso.
(Texto
publicado na revista Além-Mar, disponível aqui; sobre este disco, o coro Voz Nua e a maestrina Aoife Hiney pode ouvir-se aqui o programa de Manuel Vilas Boas na TSF, que passou neste fim-de-semana de Natal.)
Nativitas
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