terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Músicas que falam com Deus (37) - Voz despida, voz pura de Natal

 


Em português, nua é o mesmo que despida; em gaélico, “nua” significa novo, fresco, puro. A maestrina irlandesa Aoife (lê-se Ifa) Hiney, radicada em Aveiro há vários anos, traduz assim a polissemia dos objectivos e do repertório do Voz Nua, que fundou em 2012: voz sem instrumentos e, por isso, pura, fresca, nova (mesmo se, em quatro temas, o piano está presente, para sublinhar a riqueza e pluralidade melódica de que a voz é capaz). Neste disco de Natal, o grupo mostra isso mesmo, dando vida nova a canções que ouvimos muitas vezes. É o caso de Joy to the World, Stille Nacht/Noite Feliz, Meia Noite Dada, ou até um por vezes irritante Santa Claus is coming to town, que aparece aqui com a ternura própria do Natal e um trabalho vocal muito rico. Mas o disco também revela pérolas puras ou tesouros mais escondidos, como Walking in the air, Hodie Nobis Caelorum ou Suantrai ár Slánaitheora, belíssima canção de embalar irlandesa que resume o mistério: “Tu és do meu sangue, meu amor, minha adoração/ Meu pequeno, lindo filho/ Só eu vou cuidar de ti.” Um disco jubiloso.

(Texto publicado na revista Além-Mar, disponível aqui; sobre este disco, o coro Voz Nua e a maestrina Aoife Hiney pode ouvir-se aqui o programa de Manuel Vilas Boas na TSF, que passou neste fim-de-semana de Natal.)

Nativitas
Intérpretes: Voz Nua; dir. Aoife Hiney; edição: Voz Nua


Sem comentários: