Arcebispo de Braga fala da "enorme gravidade" dos incêndios
Leio no Público de hoje:
"O novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse ontem em Fátima que a Igreja deve "recuperar uma catequese sobre a enorme gravidade moral que constitui o acto de pegar fogo à floresta e de estimular a co-responsabilidade de todos, mesmo no momento de denunciar potenciais incendiários".
Jorge Ortiga falava no início dos trabalhos da assembleia da CEP, que decorre em Fátima até quinta-feira. Referindo "algumas realidades que exigem intervenção", o arcebispo de Braga disse que "não podemos ficar alheios ao drama dos incêndios". E perguntou: "Não será necessário voltar a insistir sobre a gravidade de certos pecados, individuais e colectivos?"
Referindo-se às políticas dos últimos anos, o presidente do episcopado afirmou que não é "suficiente a concentração" das estratégias de prevenção ou de acção "nos recursos humanos e materiais". Importa, antes, "ir às causas de natureza cívica e questionar-se sobre as razões do desleixo ou dos actos premeditados". A Igreja, a escola e os meios de comunicação social "têm de insistir na formação duma consciência individual e pública, de um modo permanente" e não apenas na chamada, "de forma muito infeliz", época de incêndios."
Partilho, no essencial desta preocupação de D. Jorge Ortiga. Creio, de facto, ser uma "miséria moral" muito do que vimos este ano: a calamidade dos incêndios ser tratada como normalidade dentro da anormalidade e como se o essencial se reduzissse a um problema de meios de combate (ainda que este seja aspecto importante: "Fia-te na Virgem e não corras!", diz o ditado).
Agora o importante é ser consequente. A Igreja Católica, que tem uma malha fina de presença na sociedade portuguesa - e em certas vertentes, responsabilidades directas - como por exemplo nas festas populares religiosas, em que o fogo de artifício continua a ser queimado por vezes em contextos de grande irresponsabilidade - poderia ter um papel muito especial na sociedade se pegasse a sério neste ponto para o trabalho pastoral de base.
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