Os signos, os rituais e as rupturas necessárias
" (...) em Portugal o contacto de muitos cidadãos com a Igreja acontece, quase exclusivamente, por ocasião do baptismo das crianças, dos casamentos e dos funerais. Aparentemente, estão ali só por conveniências sociais e familiares. Não participam, nem parecem interessados em participar. Mas como é possível que os membros activos das comunidades cristãs deixem passar todas essas ocasiões, ao longo dos anos, sem ter uma estratégia clara de evangelização para esses tempos privilegiados? Quando é que a Igreja se decide a colocar os seus especialistas em ciências humanas, em artes, em teologia e em pastoral - com jovens, adultos e anciãos - a estudar esse fenómeno e a projectar caminhos que superem rotinas que prolongam uma situação que marca negativamente os não crentes, assim como os católicos "periféricos", e não torna evangelizadores os "católicos praticantes"?
"Os sacramentos pertencem à categoria do signo." Não é pela fuga para o dogmatismo - mesmo que ele revista a figura hermenêutica de uma "neo-ortodoxia" - que a fé católica pode manter-se de pé em tempos difíceis. Às vezes são necessárias rupturas, porque o homem, enquanto tal e também enquanto crente, é um ser cultural-histórico. Isto vale para os indivíduos e para os institutos religiosos. Todavia, ritualidade e criatividade não se excluem. Os fiéis não estão colados aos arquivos e aos regulamentos históricos das celebrações rituais de épocas passadas. Um ritual tem o seu contexto.Na prática sacramental e na teologia, temos questões sem resposta suficiente e questões inúteis que não precisam de resposta".
Bento Domingues, in Público, 13.11.2005
Sem comentários:
Enviar um comentário