
Uma palavra apareceu sob as cinzas dos atentados de 11 de Setembro: Deus. A motivação religiosa invocada pelos terroristas foi condenada por todas as religiões. "Patologias e doenças mortais da religião", diria o Papa Bento XVI, cinco anos depois, em Ratisbona, numa viagem que levaria milhares de muçulmanos a manifestar-se contra a frase, citada pelo Papa, em que se falava de Maomé como portador de "coisas más e desumanas".
A década foi marcada por outros factos em que a dimensão pública da religião, depois da "morte de Deus", (re)apareceu em força. Os cartoons de Maomé motivaram reacções de muçulmanos. O carisma, as viagens e o funeral, em 2005, do Papa João Paulo II atraíram milhões. O debate sobre a herança cristã da Europa, a propósito do tratado constitucional, teve momentos polémicos.
Mas também houve líderes e crentes de diferentes religiões unidos pela paz (encontros de Assis) ou no apoio a vítimas da pobreza, perseguições e catástrofes. Em Portugal, Fátima viu crescer a atracção do lugar simbólico para cinco milhões por ano, cem mil mobilizaram-se para escrever a Bíblia Manuscrita e a comunidade monástica de Taizé trouxe a Lisboa, há cinco anos, 40 mil jovens de toda a Europa - onde 67 por cento se afirmam "pessoas religiosas" e 51 por cento frequentam um serviço religioso.
O sociólogo da religião Thomas Luckmann, que há 40 anos falou da "religião invisível", diz que a religião passou a ser individual. E que essa é uma "componente estrutural nas sociedades americana e europeia". "O religioso nunca se foi embora, só mudou a sua face." Deus continua a estar em toda a parte.
(Foto: participantes no Parlamento das Religiões do Mundo, realizado na Austrália no início de Dezembro de 2009; foto de Ray Messner retirada de http://www.flickr.com/photos/raymessner/sets/72157622833738969/
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