terça-feira, 28 de junho de 2011
Bento XVI: tweet via iPad inaugura news.va
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Sacerdócio feminino: entrevista de D. Policarpo suscita sururu internacional
O novo órgão de informação - Vatican Insider - que acaba de ser lançado pelo diário italiano La Stampa em inglês, espanhol e, naturalmente, em italiano, fez-se eco da notícia divulgada no passado dia 22 pela agência Ecclesia, citando algumas das principais declarações do cardeal-patriarca de Lisboa relativamente à matéria referida (de facto, a entrevista trata maioritariamente de vários assuntos, com especial destaque para a posição da Igreja face á crise económica e social).
Sobre a ordenação de mulheres, D. Policarpo entende que "teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental”; a questão é, sobretudo, de tradição e o próprio Papa se veria condicionado por este factor. O que leva o patriarca a defender que, “no momento que estamos a viver, é um daqueles problemas que é melhor nem levantar… suscita uma série de reações”. A mudança nesta matéria ocorrerá “se Deus quiser que aconteça e se estiver nos planos Dele acontecerá”, acrescenta.
«O Santo Padre João Paulo II - continua D. José Policarpo - a certa altura, pareceu dirimir a questão. Penso que a questão não se dirie assim; teologicamente, não há nenhum obstáculo fundamental; há esta tradição, digamos assim... nunca foi de outra maneira"
A entrevistadora insiste: "do ponto de vista teológico, não há nenhum obstáculo...". E a resposta do cardeal clarifica a posição:
"Penso que não há nenhum obstáculo fundmental. É uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja. O problema põe-se noutra óptica, numa forte tradição que vem de Jesus, e na facilidade com que as igrejas reformadas foram para aí (...)".
Contextualizando o momento em que surgem estas palavras e vindas de quem vêm, o articulista do Vatican Insider (cf. The Patriarch of Lisbon: "There are no theological reasons for excluding women from the priesthood") sustenta que elas irão provocar debate, se se tiver em conta as posições do actual Papa a propósito (e na sequência) da Ordinatio Sacerdotalis, de João Paulo II, de 1994.
Por sua vez, o vaticanista John L. Allen Jr., escrevendo hoje no site da revista National Catholic Reporter (cf.: Cardinal sees 'no theological obstacle' to women priests), lembra que Bento XVI há menos de dois meses considerava como "infalível" o magistério sobre esta matéria, numa carta endereçada a um bispo australiano que tinha suscitado a necessidade de se recolocar a questão.
Ler a entrevista de D. José Policarpo à revista da ordem dos Advogados: AQUI
[Crédito da foto: Paulo Castanheira]
quinta-feira, 23 de junho de 2011
10 viagens papais mais importantes da História
quarta-feira, 22 de junho de 2011
José Mattoso: sabedoria e fraternidade
domingo, 19 de junho de 2011
À procura da Palavra - ENTRAR NA DANÇA
(Crónica do P. Vítor Gonçalves, de comentário aos textos da liturgia católica)
“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito.”
(Evangelho de S. João 3, 16 - Domingo da Santíssima Trindade)
Tenho um amigo que gosta de entrar nas igrejas para ver. Sim, simplesmente para ver, e não para rezar pois diz que não sabe bem o que é isso, e Deus “ainda nunca me falou para que tivesse de lhe dizer alguma coisa”. Conversamos com gosto e ele lá vai continuando a ver, e, creio, também a ouvir. Gosto especialmente do seu olhar límpido que põe a nu o ritualismo vazio e a ausência de autenticidade dos gestos, dos que acreditamos. Fica particularmente irritado com a sujidade das igrejas e a profusão de flores de plástico a proliferar nos altares como “campas de um cemitério”. Diz-me: “O hábito é uma coisa terrível. Os gestos automáticos quando se faz o sinal da cruz, o ajoelhar rápido como se fosse uma finta a Deus, as respostas decoradas como a tabuada, o ar mortiço e em jeito de funeral de muitas missas fazem-me tristeza. Claro que nem tudo é assim. Mas com que Deus se vão encontrar?”
Começamos as nossas orações com o gesto da cruz. Da cabeça ao peito, de um ombro ao outro. Afirmamos o mistério de Deus, um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. É com beleza e verdade que o fazemos? Como se disséssemos a senha para entrar num bailado em que o Pai nos dá a vida para amarmos, o amor mais forte que a morte; e o Filho nos marca com a beleza da sua imagem e pela Palavra feita carne para sermos sua luz no mundo; e o Espírito Santo agita as cordas da nossa harpa interior para sermos música, um cântico de verdadeiro amor? Um gesto simples e tão essencial, se deixamos Deus tirar-nos do egoísmo e do comodismo, e nos ensina a viver de braços abertos. À maneira de Jesus. Fazê-lo é entrar no movimento de Deus, sempre a querer encontrar-se connosco, sempre a lançar-nos ao encontro dos outros. Com a doçura e a suavidade de quem ensina o rodopio do seu amor, sem pisar os pés, sorrindo apenas de um tropeço ou uma queda. Porque o nosso Deus é “um Deus que dança”, título do último livro do P. José Tolentino Mendonça!
Com que Deus nos vamos encontrar?” Resiste em mim a pergunta do meu amigo. E temo a rotina de ser “tu cá, tu lá” com as coisas e os espaços sagrados, onde se contagia o perigo de ser funcionário. Se nos deixamos encontrar por Deus esse encontro transforma-nos. Deixamos os sapatos de chumbo da vida centrada em nós e aceitamos o convite para o bailado. Não precisamos do resplendor de Moisés ao descer o monte nem das vestes brancas de Jesus na transfiguração. Porque serão os outros a notar. Como os bons perfumes que sentimos quando nos aproximamos de alguém perfumado. E até o meu amigo que anda pelas igrejas a ver. Tenho esperança que um dia destes ele descubra como Deus o vê com todo o amor. E aceite entrar na dança. Dá-nos, Senhor, a alegria de darmos contigo passos de verdadeira beleza!
(Ilustração: Pablo Picasso, A Dança da Juventude, 1966)
Textos de Bento Domingues e Anselmo Borges
Na esfera da intimidade, há o princípio do amor, no sentido abrangente de todas as relações afectivas fortes nos domínios das relações amorosas, familiares, de amizade. Já Aristóteles observou que a vida sem amigos não valeria a pena. E Honneth sublinha a importância da relação da mãe com o bebé na construção da autoconfiança, da identidade e da autonomia. Não é na experiência do amor que radica a confiança em si próprio?
sexta-feira, 10 de junho de 2011
50 ANOS
poemas
que já li
que outros escreveram
que eu mesma já escrevi
esqueço-me
da minha vida
Adília Lopes
[Para enviar os parabéns ao António Marujo]
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Família: um discurso gasto e ineficaz
Dirigindo-se às famílias, salientou o Papa:
"Não cedais a essa mentalidade secularizada que propõe o 'viver juntos' como preparatório, ou mesmo como substituto do matrimónio. Ensinai com o vosso testemunho de vida que é possível amar, como Cristo, sem reservas; que não há que ter medo de se comprometer com outra pessoa".
Mas a condenação desta forma de vida vem acompanhada de juízos generalizantes, segundo os quais a coabitação não passaria de "absolutização de uma liberdade sem compromisso pela verdade" e a entrega a um "ideal de bem-estar individual através do consumo de bens materiais e experiências efémeras, descuidando a qualidade das relações com as pessoas e os valores humanos mais profundos". Mais ainda: estar-se-ia, assim, a reduzir o amor "a uma emoção sentimental e à satisfação de impulsos instintivos, sem esforçar-se por construir vínculos duradouros de pertença recíproca e sem abertura à vida".
Não ignoro que aquilo que o Papa refere corresponde a atitudes e comportamentos de alguns sectores. Mas penso ser de uma grande injustiça para muitos casais que buscam sinceramente o encontro, o interconhecimento e as condições para formas mais estáveis e duradouras de vida em comum. Para mais, no meio de situações sociais de enorme dificuldade, desde logo do ponto de vista económico e social.
O discuso papal poderá ter como referente segmentos de uma classe média e média alta que se pode dar a certos luxos. Mas não terá em conta a generalidade das situações e a seriedade de muitos compromissos e lutas.
E mesmo que correspondesse ao geral das situações, ainda aí me parece muito mais problemático e contraproducente esse apelo às "famílias cristãs" a que combatam estes 'costumes do século' do que o caminho que consistiria em ir ao encontro dos que vivem nas situações condenadas, procurando reconhecer as dificuldades, valorizar o esforço de tantos e apelar aos valores cristãos da generosidade, da solidariedade, da dádiva da vida.
Sublinho: há aqui uma dimensão política que está quase totalmente ausente deste discurso sobre a família. Mas, mais do que isso, há, nas palavras de Bento XVI, uma falta de sensibilidade que só pode meter a pastoral familiar num beco sem saída. Esta é, pelo menos, a minha maneira de ler o discurso do Papa.
Ler a Homilia papal na íntegra: AQUI
Mesmo que fosse uma parábola
O texto da canção apresentada pelo protaginista:
In my fantasy I see a just world,
There everyone lives in peace and honesty.
I dream of souls that are always free,
Like clouds that fly
Full of humanity down to the soul
I dream of souls that are always free,
Like clouds that fly
Full of humanity down to the soul
Via: Beliefnet
terça-feira, 7 de junho de 2011
“Se não nos deixais sonhar, não vos deixaremos dormir”.
A primeira carta da Isabel Alvim toma terra: desde logo na história do filho João que guardava no quintal a chave que lhe abriria a porta do céu. Que chave é essa? É só aceder à página do facebook do Grão de Mostarda. Onde se pode ler também sobre o nosso adormecimento que nos impede de ver os que são abandonados na beira de um caminho (de ferro), como o passageiro que partilhava com a Luísa a viagem de comboio por terras espanholas. Luisa que foi encontrar em Málaga uma das muitas "acampadas" de jovens que querem "uma democracia real". E que lhe deram a oportunidade de fotografar um dos cartazes que exibiam e que atirava ao nosso sono deste modo: “se não nos deixais sonhar, não vos deixaremos dormir”.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
domingo, 5 de junho de 2011
Com a Internet está a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação
"(...) Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão. (...)
Papa Bento XVI. Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que hoje se celebra
Para ler o texto da mensagem: AQUI
sexta-feira, 3 de junho de 2011
O voto católico bom e o voto católico mau
Este é o início de um texto que acabei de publicar no site do Público. O texto integral pode ser lido aqui.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Inquérito Nova Evangelização (10) - Helena Araújo
Helena Araújo, 47 anos, tradutora
1. As transformações sociais e as suas consequências, nomeadamente o deserto interior
A expressão "deserto interior" surpreendeu-me de tal modo que cheguei a desconfiar que fosse erro de tradução ou de palavras fora do seu contexto... Mas parece que não. Decididamente, o Papa e eu não frequentamos os mesmos lugares e a mesma História. O meu mundo está cheio de pessoas que, não sendo necessariamente cristãs, se empenham na procura de um sentido e a traduzem em gestos de humanidade.
Deserto interior? Estou com o Padre Américo: "não há rapazes maus".
O facto de não chamarem Jesus Cristo à fonte que inspira os seus gestos, e
não irem à missa periodicamente, não significa que as pessoas vivam em
"deserto interior". Inversamente, frequentar a Igreja e alardear a Fé não é
garantia de nada - como prova, aliás, o modo desastroso como a Hierarquia
lidou com o horror da pedofilia.
Eu teria até um certo pudor em usar estas palavras a partir do interior da
Igreja. Não é preciso vasculhar muito no seu caixote de lixo para encontrar
situações de deserto interior que emanam da própria ortodoxia católica. O
exemplo habitual é o da Inquisição mas, infelizmente, há muitos outros, tais
como o caso Mortara, em meados do séc. XIX, ou o caso da educadora de
infância de um jardim infantil católico, na Alemanha de fins do séc. XX, que
foi despedida por estar grávida sem ter a situação familiar esclarecida (não
se queria dar maus exemplos às criancinhas, compreensível...).
A terrível perversão das "criadas" e dos "afilhados" dos padres, com a qual
a Igreja tem convivido pacatamente ao longo dos séculos, é um cruel exemplo
dos limites daquele diagnóstico: algumas das transformações sentidas como
ameaça (a revolução sexual, a moral sexual, os chamados ataques à família
tradicional) criaram nas pessoas uma consciência da sua dignidade e da
justiça que não permite continuar a aceitar passivamente escândalos como
estes.
E vou mais longe: estas transformações sociais são uma excelente
oportunidade de renovação da Igreja, e um desafio assustador. No espaço de
liberdade, exigência, capacidade de escrutínio e crítica que é o nosso mundo
actual, ninguém deve obediência, generosa tolerância e muito menos
respeitinho à Igreja Católica. Mas como pode esta - lugar de pecado como o
próprio mundo - ser exemplar de modo a conquistar o respeito de um mundo
livre, profundamente crítico e que a sente como um elemento hostil?
2. Os sinais dos tempos e o papel da secularização
Olho à minha volta, e vejo que alguma espécie de Bem toca os gestos das
pessoas. Vejo milhentos impulsos de generosidade e humanidade, inúmeros
voluntários que oferecem muito do seu tempo para servir os necessitados, a
dedicação com que tantas ONG tentam tornar o nosso mundo mais justo e mais
humano. Vejo no Burning Man (provavelmente o festival mais louco dos EUA)
que o espaço da meditação e espiritualidade é um dos mais frequentados. O
Deus em que acredito anda por aí, e suspeito até que se diverte com o uso de
heterónimos.
Talvez a secularização seja sinal de um Espírito Santo feito tempestade:
quando a sociedade se emancipa e confronta a Igreja com as suas próprias
contradições e fragilidades, obrigando-a a um esforço de renovação, a
sacudir a tralha acumulada e anacrónica, a concentrar-se no único fulcro
possível: Jesus Cristo.
3. A "nova evangelização"
"Nova evangelização"?! Eu gostava da antiga, aquela que se resumia à frase
"vede como eles se amam".
Em todo o caso, uma evangelização não pode ser uma operação de cosmética, de
gestão da crise, de reacção. Num mundo em que uma insuportável transparência
anda a par com exigências e críticas implacáveis, só fará sentido se for um
esforço profundo e muito honesto de se reencontrar com Cristo no coração do
nosso tempo. Um esforço que atinge tanto a tradição e as estruturas internas
da Igreja como a sua maneira de estar e agir no mundo.
4. A Igreja centrada numa “decisão ética” reduzida a uma ou em questões de
disciplina e de regras internas e, menos, na Pessoa de Jesus Cristo
Eu ia dizer que sim, que ça va sans dire, mas depois lembrei-me que também
sou Igreja, e que alguns padres e bispos que muito admiro também são Igreja.
A Igreja somos nós todos, é um lugar de imensa diversidade e pluralidade de
experiências. Se uns se prendem mais à "decisão ética" outros entregam a
vida ao serviço do encontro com Jesus. Se uma parte da Igreja endurece num
fundamentalismo dogmático, outros (e com certeza também alguns dos
"fundamentalistas") vão ao encontro daqueles que vivem na mais horrível
miséria, levam a luz de Cristo ao mundo, em gestos simples e despojados.
Penso na Comunidade de Sant'Egídio, nas Missionárias da Caridade, na
Comunidade de Taizé, e em tantos outros exemplos.
5. "Fórmulas" de evangelização para Portugal
Estrangeirada que sou, não me peçam para falar sobre Portugal. Dou, em vez
disso, um resumo de um debate a que assisti recentemente num grupo de leigos
católicos alemães, sobre caminhos de futuro para a Igreja:
Dois problemas centrais atravessam a Igreja: a crescente polarização, sobre
a qual pouco se tem reflectido, e a ausência da cultura do diálogo (nas duas
vertentes: horizontal e vertical) que por vezes chega a tomar a forma de
bloqueio. A Hierarquia padece de uma arrogância que a impede de reconhecer a
igualdade dos cristãos e de aceitar que a Igreja é antes de mais o povo de
Deus.
A renovação, necessária e inadiável, passa pela igualdade, pelo respeito
mútuo, pela participação de todos. Só assim se conseguirá uma ordem interna
estável e se ganhará credibilidade perante o exterior.
Motivos para os bloqueios:
- imagem teológica que os bispos têm de si próprios
- passividade dos leigos, que aceitam essa autoridade dos bispos sem
questionarem quais são as suas bases, esquecendo que os portadores primários
de autoridade são as comunidades e não os bispos
- passividade dos leigos, que não estudam as escrituras e não se entendem
como sujeito actuante da sua própria Fé
A Igreja e o Reino de Deus (que é hoje o mundo secularizado): o mundo fugiu
da Igreja porque foi maltratado por ela, que, ao concentrar-se em si própria
esquecendo os que sofrem, provocou ainda mais sofrimento. A Igreja tem de se
voltar para o mundo. Cristo fala do Reino de Deus, e não da Igreja. Esta não
é um objectivo em si própria, existe para cumprir uma missão importante. O
diálogo, se não for entendido como serviço, não passará de umbiguismo e
auto-reflexão.
Visões de futuro:
- Diálogo com as comunidades, o ecumenismo, o mundo: é necessário tomar
todos em consideração para entender o alcance da necessidade de reformas
dentro da Igreja.
- Fim da profunda discriminação das mulheres. O que é que a Igreja não
perdeu em todos estes séculos em que arredou do seu seio um grupo tão
importante? Só quando houver igualdade homem/mulher dentro da Igreja será
possível esta ter um olhar abrangente e equilibrado sobre o mundo.
- Estatuto das comunidades: o consenso é indispensável. O diálogo não deve
ser orientado pela Hierarquia, mas realizado com a participação de todos em
condições de igualdade. Todas as comunidades são sinodais e conciliares.
- Já não vivemos no feudalismo e no absolutismo: que autoridade pode ter um
bispo que não foi escolhido pela sua comunidade?
- Os leigos têm de se empenhar mais na Igreja. Não basta dizer mal dos
padres e da Hierarquia, há que assumir a sua quota parte de responsabilidade
e agir: "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome".
- Confiança nos jovens: nas suas capacidades teológica, de solidariedade e
de empenhamento.
- Desclericalização dos cargos/serviços.
- Conexão ao tempo presente, solidariedade com os que sofrem, opção pela
pobreza.
- Diálogo público, abrangente e transparente. Sem se esquivar às questões
mais incómodas, sem temer (a renovação exige a coragem de experimentar),
realizado em conjunto (procurando especialmente a participação dos mais
jovens), procurando soluções parcelares que evitem o enquistamento em
trincheiras ideológicas, e sem desistir. Acreditar sempre que o espírito de
Jesus Cristo nos acompanha neste caminho.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
"A questão do voto católico"
As preocupações da agenda deste dito "bloco" do "voto católico" vê-as o autor do texto no espaço do "centro direita". Daí que as questões a que ele gostaria que os partidos dessem resposta sejam estas: "que prevêem os programas eleitorais nestes temas estruturais? Que compromissos de voto tomam os candidatos em relação a esses pontos? Se por iniciativa popular for proposto referendo sobre algumas dessas matérias, qual a posição?".
Eu pensei que os critérios e as perguntas de um "voto católico" (se ele existisse) pudessem ser algo aparentado com aquelas perguntas que o Evangelho coloca no Juízo Final e que vêm em Mateus, 25:
"O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’
Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’"