A crónica de hoje no Público, de frei Bento
Domingues, volta ao tema da alegria de João XXIII - precisamente na véspera dos 50 anos da sua morte:
João XXIII poderia dizer, como o
poeta: o Concílio aconteceu-me. Numa nota escrita em 1959 pode ler-se: “Este é
o mistério da minha vida. Não procureis outra explicação. Repeti sempre a frase
de S Gregório Nanzianzeno: voluntas tua pax nostra”.
Ao longo de toda a sua vida, como
testemunha o seu Diário, o que procurou, em primeiro lugar,
foi cultivar a humildade para estar disponível, livre, para o que Deus quisesse
fazer dele. Cada passo nesta direcção era um motivo de alegria. Ele gostava da
sua família, gostou da vida no seminário, de ser padre, de ser bispo, de ser
papa e de descobrir que tudo foram etapas para chegar ao ponto de sentir que o
mundo inteiro era a sua família. Nessa altura, sentiu-se na onda de Deus. Não
era uma conquista ideológica ou teológica, mas o fruto de ter amado todos
aqueles com quem viveu e a quem foi enviado: Bulgária, Turquia, Grécia, França.
Descobriu, não só outras faces da Igreja Católica, mas também a Igreja
Ortodoxa, o Islão e o mundo laico. Foi um acolhimento transformador, dele
próprio e dos outros. Tornou-se um pontífice, uma pessoa que faz pontes, que
põe mundos em contacto.
O texto integral pode ser lido aqui.
Na Ecclesia, pode ler-se entretanto uma
entrevista ao historiador António Matos Ferreira, também sobre a personalidade
do Papa João XXIII. Diz o actual director do Centro de Estudos de História
Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa:
Quando João XXIII convoca o Concílio, muito
provavelmente considerava que facilmente se resolviam os problemas. Mas isso
não aconteceu. O que torna João XXIII uma figura chave é que ele decide não
concluir o Concílio, mas mantê-lo aberto.
Após a primeira sessão volta a convocar uma segunda
sessão. Mantém o Concílio aberto, mostrando que aceitou o repto de fazer dos
cinco anos do Concílio um intenso período de formação do episcopado, como
consideram alguns historiadores. (...)
Nesta época, tinham-se alterado profundamente os
meios de comunicação. Hoje ainda se podem ver as imagens que mostram a emoção vivida
no funeral de João XIII, que foi transmitido em direto pelas televisões.
A entrevista pode ser lida aqui na íntegra.
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