sábado, 22 de abril de 2017

Obra sobre o Papa Francisco apresentada por Marcelo Rebelo de Sousa

    "Papa Francisco - A revolução imparável" é o título do livro dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco, editado pela Manuscrito, que o presidente da República vai apresentar na próxima segunda-feira, em Lisboa.
    A sessão de lançamento acontecerá às 18h00, na igreja dos Dominicanos (Convento de São Domingos, Rua João de Freitas Branco, 12), junto à estação de metropolitano do Alto dos Moinhos. Está já agendada uma segunda apresentação do livro, desta vez em Braga, no dia 22 de maio.
    “Quisemos que, nas vésperas da sua vinda a Portugal, este seja um bom instrumento para quem quiser conhecer a personalidade, o pensamento e o modo de agir do Papa. Em suma, para conhecer a revolução que está a acontecer”, nas palavras de António Marujo.
    «A eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa correspondeu a uma espera e a uma esperança. As pessoas veem nele, no seu modo de estar e de dizer, e naquilo que propõe, a possibilidade de uma concretização. Será que a revolução do Papa Francisco é imparável?», questiona o resumo da obra.
    Ao mesmo tempo que é um «homem normal, de invulgar perspicácia», que «prefere continuar a gerir parte da sua agenda», telefonando «para quem entende» e utilizando «uma linguagem que toda a gente percebe», Francisco recorre à «teologia profunda, naquilo que propõe, apesar de vários críticos dizerem que o seu pensamento é pobre», assinala a introdução.
    «Este não é um Papa para fazer uma revolução imponderada, mas alguém que sabe bem o que pretende e que é capaz de surpreender, seja a Igreja, no diálogo interno, entre revindicações de abertura à modernidade e resistências à mudança, seja o mundo, no diálogo ecuménico e inter-religioso ou na criação de pontes de confiança para os grandes debates políticos e sociais», aponta o texto de abertura.um sorriso transparidera
    Os autores estão convictos de que «aquilo que Francisco iniciou já não terá retorno, porque corresponde às expetativas de muita gente», mas também advertem que «se alguém espera uma mudança profunda no catolicismo, convém que perceba que ela, a fazer-se, não se limitará à vontade e à capacidade de um homem só - mesmo que esse homem seja o Papa».
    O volume começa por «perscrutar as mutações imperceptíveis num primeiro olhar, que traduzem as grandes mudanças desejadas e protagonizadas pelo Papa», nomeadamente «o nome escolhido e o programa que ele traduz; a misericórdia como ideia central do pontificado; a proximidade com todos, mesmo os que estão longe sob todos os aspetos; a questão da família como uma das chaves essenciais da mudança».
    Num segundo momento analisa-se «a proposta de intervenção política e económica do Papa em favor de uma justiça mais eficaz e da pacificação das relações entre povos, inclusive pela proposição da não-violência como caminho de ação política.
    É igualmente mencionada a «inovadora reflexão sobre a Criação como síntese da sua visão segundo a qual nada do que é humano é estranho ao Evangelho e a uma proposta que entende a complexidade dos problemas; ou, ainda, a forma como tenta criar pontes no diálogo entre diferentes comunidades cristãs, religiões ou pessoas que fazem parte da mesma humanidade».
    Por fim, é proposta «a perspetiva do que podem ser algumas das mais importantes dificuldades que o Papa (já) enfrenta, dos movimentos que se lhe opõem e oferecem resistência e do modo como Francisco pode ultrapassar esses desafios».
    «Jornalistas de profissão, valorizamos vários dos seus gestos em relação aos profissionais do sector: desde o profundo respeito que manifestou por todos os camaradas de profissão no primeiro encontro após a eleição, quando disse que rezava por cada um(a) mas sem dar a bênção, pois estava consciente de que muitos e muitas não seriam crentes; até à forma como se despiu das suas reservas de padre, bispo e cardeal que até então tinha, dando raríssimas entrevistas (embora participando em debates), para passar a ser frequente, enquanto Papa, expor-se às perguntas sobre as suas decisões, as suas ideias, os acontecimentos e a atualidade do mundo e do catolicismo», salientam António Marujo e Joaquim Franco na introdução.
    Ao mesmo tempo que é considerado um «líder de estatura mundial», Francisco mantém a vizinhança, comentam os autores no capítulo "Um pároco da aldeia global": «Os sinais de proximidade que o Papa Bergoglio é capaz de dar traduzem-se na capacidade de rir com as suas imitações, com o sopro nas velas de um bolo de aniversário na Praça de São Pedro ou com o miúdo que lhe quis "tomar" o lugar, sentando-se na sua cadeira. Mas também vão ao ponto de abraçar o homem desfigurado pela neurofibromatose, noutro momento fotográfico que deu a volta ao mundo».
    Modelo de pastor que acompanha o rebanho, o papa é «um homem de abertura, de afetos, disponível, que diz o que pensa, que vai ao encontro, simples e sem mordomias, que se percebe quando fala, que põe o dedo nas feridas da Igreja e do mundo, que tem um sorriso transparente, que lidera com humildade, que sabe escutar, que intervém em domínios difíceis como a finança, a política e a religião».
    «Se a Igreja não é o Papa, como o Papa não é a Igreja, a manifestação da fé católica traduz-se numa Igreja Católica que se entende ainda a partir da cadeira de Pedro. A linguagem mediática, emotiva e consensual, arrasta estereótipos e impõe códigos de compreensão. E a popularidade do Papa é um factor importante no catolicismo contemporâneo», observam os autores.
    A ação do papa «recupera a intuição do "aggiornamento" de João XXIII, no sentido de trazer a Igreja para este tempo, tornando-a mais inclusiva a partir da ideia dinâmica da misericórdia e elevando o discurso social perante uma Europa politicamente fragilizada e um mundo em ebulição».
    "Um pensador em ato à escuta do mundo", "Um nome, um programa", "Um Papa da misericórdia", "Um pároco da aldeia global", "Família, uma chave da mudança", "Uma política de justiça e misericórdia", "Um Papa do Sul a falar para o Norte", "Um par de sapatos contra o suicídio coletivo", "'Rezar uns pelos outros' e 'fazer coisas juntos'" e "Uma reforma que não dará descanso" são os temas dos 10 capítulos do livro.
[Com exceção dos parágrafos de abertura, este texto foi editado e publicado pelo site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, em 20 de abril passado]

1 comentário:

Arlindo Pinto disse...

Parabéns... Um abraço. Arlindo