No Página 1 de hoje, Francisco Sarsfield Cabral fala da abstenção nas eleições de ontem e da atitude da maior parte dos políticos:
A abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu foi a maior de sempre no conjunto da União. Não houve surpresa. Não só as sondagens a previam, como a tendência para uma crescente abstenção vem de trás. Os deputados europeus começaram por ser escolhidos pelos parlamentos nacionais. Em 1979 passaram a ser eleitos por sufrágio directo e universal. Pois a abstenção não cessou de aumentar ao longo deste trinta anos, ao longo dos quais, paradoxalmente, o Parlamento Europeu tem vindo a ganhar mais poderes.
No entanto, as pessoas desinteressam-se do PE. Parece que este alheamento – que não é conjuntural, antes exprime uma tendência de fundo - deveria merecer atenção por parte dos dirigentes da UE. Ele suscita uma questão óbvia: será o PE a melhor via para aproximar os cidadãos das instituições europeias?
Parece que não. Mas os políticos e os dirigentes europeus não querem ver e fazem de conta que tudo corre bem. Depois queixam-se de que os eurocépticos estão a ganhar as opiniões públicas. É que não se pode construir a Europa sem o envolvimento dos europeus.
Mais uma nota, à margem deste texto de Sarsfield Cabral: Recorde-se que, em cada dez europeus, quase seis não votaram. E que, em cada dez portugueses, mais de seis não votaram. Disto, pelos vistos, voltaremos a falar em próximas eleições - porque até lá o tema voltará a ser arrumado na gaveta das inconveniências. Aliás, é interessante ver o modo como tantos políticos agora pretendem encostar-se a Barack Obama. Há uma diferença fundamental entre o Presidente dos Estados Unidos e a maior parte dos líderes políticos europeus: é que Obama, além das ideias que tem (mesmo discordando dele) e da forma como pretende resolver vários problemas, foi para a política porque entende que essa é uma forma importante de serviço público...
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