O desejo de preencher o “vazio” existencial
Joaquim Carreira das Neves, 76 anos, padre franciscano, exegeta bíblico
Retenho que a expressão “nova evangelização” pode ser admitida a partir do pressuposto que há “novos paradigmas” culturais na sociedade em que vivemos. Para “novos paradigmas” exige-se “nova evangelização”. Como dizia Jesus: “Não se pode meter vinho novo em odres velhos”. De qualquer modo, há sempre uma ambiguidade por causa do termo “evangelização”. Trata-se de um termo abstracto radicado num substantivo concreto: evangelho.
O evangelho não é um livro, mas uma “proclamação”. Proclama-se aquilo que o Papa diz ser “um acontecimento”. Não se trata, pois, de uma ideia, uma doutrina, uma ética, mas de um “encontro com um acontecimento”. Semelhante acontecimento é causado ou proporcionado por uma pessoa – a pessoa de Jesus que, no dizer do Papa, dá à vida um novo horizonte e, com isto, a orientação decisiva.”
Esta maneira de proclamar já é, em si mesma, muito diferente das nossas catequeses formais. Não há, assim, qualquer proclamação contra nada nem contra ninguém. Nem contra protestantes, judeus, islâmicos, ateus, ciência, evolucionismo. Há, simplesmente, o desejo de preencher o “vazio” existencial, próprio do ser humano. Mas, também aqui, há que considerar a ambiguidade deste “vazio”. Nas sociedades modernas e democráticas contactamos com pessoas que preenchem este “vazio” com a cultura, a ciência, a liberdade. São respostas sem religião que devemos considerar e respeitar.
Prometo continuar a reflectir convosco sobre esta temática.
(Foto copiada daqui)
3 comentários:
Fico à espera de ler as reflexões do P. J. Carreira das Neves sobre esta temática!
Maria Luísa Monteiro
Conto, com muito interesse, com as reflexões do Pe. J. Carreira das Neves sobre esta temática!
Maria Luísa Monteiro
Não entendo muito bem o P.Carreira das Neves...sobretudo o tom apaologético e de relativa "tolerância" das suas afirmações .Quando fala do evangelho deveria falar dos evangelhos que são quatro, o mais antigo dos quais é o de Marcos,mas sobreo qual os dois outro sinóticos se dacalcam.Nenhum deles tem conteudo de relato histórico...são retratos de um sentir de uma , duas,... mutiplas comunidades de judeus (que se veio alargando a outros) que aderiram a um novo sentir, um novo projecto de fé...só fé.. reportado a uma época de profunda crise...E as Imagens plurifacetadas do "Mestre", do Sábio", do "Cínico",do "Libertador da humilhação pagã" e outras, permitiram que o Imperio em queda fosse depois retomado e que ainda hoje perdura nos ditos valores ocidentais , os da verdade das Bombas.Um dia haveremos de aderir a Um Cristo, reencontado no interior da alma individual. E esta se deixará, (se quizer) transbordar para uma fraternidade pouco dogmática...um pouco mais humana e menos entregue à cridade e suas tolerâncias.
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