Há muitos anos, mais de 40, que o
padre João Gonçalves bate às portas das prisões. Tudo começou com um grupo de
jovens que queria conversar com presos para reflectir depois nas suas reuniões.
Passado este tempo, continua a dizer que se sente querido pelos presos com quem
fala. “Pena que nem sempre tenhamos todo o tempo que eles precisam para lhes
darmos: o tempo da escuta, tempo da atenção e o tempo da reciprocidade e do
diálogo”, dizia ele, numa entrevista a Manuel Vilas Boas, que deve ser ouvida,
emitida na TSF a 22 de Dezembro de 2013.
Nesta entrevista, João Gonçalves
defende que o ideal seria substituir a pena de prisão por outras penas. Os
criminosos deveriam ser tratados, diz, e o crime deveria ser prevenido.
Como capelão, João Gonçalves entrou
muitas vezes no Estabelecimento Prisional de Aveiro, apenas para conversar com
os presos. Não se lembra, garante, de alguma vez ter perguntado a alguém a
razão de estar detido numa cadeia.
O padre João, como é tratado por
tantos, é alguém que impressiona pela sua humanidade, proximidade e
simplicidade desarmantes. Já foi pároco de Nossa Senhora da Glória (onde está a
Sé de Aveiro) e desempenhou (desempenha) muitos cargos na diocese de Aveiro e a
nível nacional. Entre eles, o de vigário episcopal para a pastoral social.
Responsável actual da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica, continua a
apresentar-se como um homem de escuta.
A sua vida como capelão de cadeias
é o tema do documentário O Padre das
Prisões (o vídeo de apresentação pode ser visto acima), realizado por Daniela Leitão, com guião de Inês Leitão. Esta
sexta-feira, entre as 0h e as 24h (ou seja, a partir da meia-noite de
quinta-feira), o filme estará disponível no Facebook, a pretexto do Dia
Internacional da Justiça Social. Depois disso, para já, só poderá ser visto na
sessão de apresentação pública do filme, no edifício da antiga Capitania de
Aveiro, às 16h de sábado – sessões semelhantes serão promovidas em Lisboa,
Porto e Braga, por enquanto sem datas marcadas.
(Nesta outra entrevista, à TVI, o
padre João Gonçalves conta algumas histórias da sua vida como capelão
prisional.)
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