Livro
Susan Lowndes
Catolicismo em Portugal: crónicas de Susan Lowndes, correspondente
britânica (1948-1992) é o título do livro que, na próxima quinta-feira, 19,
será apresentado na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. A obra será
apresentada, a partir das 18h, na Sala de Exposições (piso 2 do edifício da
Biblioteca) por Leonor Beleza e Luís Bigotte Chorão.
O livro, editado pelo Centro de
Estudos de História Religiosa (CEHR), da UCP, recolhe textos de Susan Lowndes
que, durante largos anos, desempenhou as funções de correspondente em Portugal
de vários meios de comunicação britânicos e norte-americanos. Foi organizado por
Ana Vicente, filha de Susan, que morreu há um
ano e que é, aliás, objecto de uma exposição bibliográfica com o título Ana Lowndes Vicente (1943-2015) – “...venho de uma linhagem de mulheres
afirmativas”, que está patente desde ontem na
Biblioteca Universitária João Paulo II, e ali ficará até final de Junho.
Na apresentação da obra, Paulo
Fontes, do CEHR, destaca que o acervo jornalístico reunido no livro mostra a
atenção de Susan Lowndes a “muitas das figuras marcantes do catolicismo social
português” do século XX, bem como a membros do episcopado de então. Mas as
crónicas revelam, sobretudo, uma “diversificada variedade de aspectos da vida
da Igreja e do catolicismo português ao longo do tempo”, como sejam Fátima, a
prática religiosa dos portugueses, o movimento associativo católico e
iniciativas de animação pastoral e dinamismos de renovação eclesial.
Inclui-se ainda, sobretudo nestes
últimos aspectos, as tensões entre o regime do Estado Novo e a Igreja Católica
– nomeadamente o Papa Paulo VI e o Vaticano – a propósito de episódios diversos.
Entre eles, a carta do então bispo do Porto e Salazar, o papel dos capelães
militares, a prisão política de destacados leigos católicos, ou o favorecimento
de iniciativas missionárias nos então territórios coloniais portugueses que
acabavam por sustentar a “afirmação das autonomias políticas”.
Do mesmo modo, os textos de Susan
Lowndes reflectem o “ambiente de contestação social e as crises políticas
vividas no período posterior à revolução de 25 de Abril de 1974”, em questões
como a legislação sobre o divórcio, o “caso Rádio Renascença”, a liberdade de
ensino, o aborto, a transformação social e política da sociedade, os problemas
das mulheres, a normalização democrática e as visitas papais a Portugal.
Trata-se de um conjunto de textos,
acrescenta Paulo Fontes, que se constitui como “um lugar privilegiado de
observação da realidade portuguesa da época” e que mostra sinais contraditórios
de um país e de uma Igreja, não deixando de assinalar “sinais de vitalidade do
catolicismo ao longo dos anos”, um catolicismo em acelerado processo de recomposição.
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