(Carta aos Filipenses 4, 6
Domingo XXVII do Tempo Comum)
Este convite de São Paulo aos Filipenses não é um apelo a ficar a olhar para o céu à espera que chova do alto a resolução de todos os problemas. A inquietação que se vivia naquele tempo relacionava-se com o acolhimento ou não dos valores da civilização pagã greco-romana. Ser fiel ao Evangelho e à condição humana irá ser sempre uma questão a responder em cada época. Porque as tentações de “ficar numa redoma” ou de “tudo ser a mesma coisa” são constantes. S. Paulo apresenta uma solução profunda e simples: “tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o que é amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor é o que deveis ter no pensamento.” Não é um bom programa para algumas das nossas inquietações?
É verdade que há inquietações importantes para o viver. Perguntas, ideias como lampejos de uma luz que quer crescer, possibilidades novas, pequenos “big-bangs” de vida. É o “ser mais” que se agita dentro de nós e desafia a tentação da inércia e do acomodamento. José Mário Branco canta algo assim: “Cá dentro inquietação, inquietação.../ Há sempre qualquer coisa que eu tenho de fazer / qualquer coisa que eu devia resolver / porquê, não sei / Mas sei / Que essa coisa é que é linda”. Não são as inquietações do medo e do desespero (que também existem e esburacam a alma), da pobreza e da falta de dignidade (que nos pedem inquietação para encontrar caminhos novos de dádiva e caridade), das dívidas e da economia (que revelam a fragilidade e interdependência do nosso mundo). Estar atento às inquietações não pode significar deixarmo-nos afogar nelas!
Conta-se que o bom Papa João XXIII, a um bispo que lhe desabafava os cansaços e desânimos, lhe respondeu: "Olha irmão, sei muito bem o que sofre porque eu, muitas vezes, senti o mesmo: um grande cansaço. Quando isso me acontece, busco refúgio na oração e fico consolado. Uma vez, enquanto rezava, abatido, pareceu-me ouvir uma voz que me animava dizendo: "Angelo, não tomes a vida tão a sério". Dei ouvidos à voz e, a partir de então, enchi-me de tranquilidade e sossego. Faça o mesmo e verá". A serenidade de João XXIII está patente no seu "Decálogo", revelador de uma profunda confiança no amor de Deus e de amor à vida, em que cada instante é oportunidade feliz para o bem, o belo e a verdade. Se até da pedra rejeitada pelos homens que é Cristo, Deus constrói comunhão com a humanidade, como não nos abraçaria neste peregrinar de curvas e contracurvas, vitórias e derrotas que é a nossa vida? Lembra-nos Santa Teresa de Ávila: "Só Deus basta"!
(Comentário aos textos da liturgia católica, publicado na edição da Voz da Verdade de 02.10.2011 - imagem copiada daqui)
É verdade que há inquietações importantes para o viver. Perguntas, ideias como lampejos de uma luz que quer crescer, possibilidades novas, pequenos “big-bangs” de vida. É o “ser mais” que se agita dentro de nós e desafia a tentação da inércia e do acomodamento. José Mário Branco canta algo assim: “Cá dentro inquietação, inquietação.../ Há sempre qualquer coisa que eu tenho de fazer / qualquer coisa que eu devia resolver / porquê, não sei / Mas sei / Que essa coisa é que é linda”. Não são as inquietações do medo e do desespero (que também existem e esburacam a alma), da pobreza e da falta de dignidade (que nos pedem inquietação para encontrar caminhos novos de dádiva e caridade), das dívidas e da economia (que revelam a fragilidade e interdependência do nosso mundo). Estar atento às inquietações não pode significar deixarmo-nos afogar nelas!
Conta-se que o bom Papa João XXIII, a um bispo que lhe desabafava os cansaços e desânimos, lhe respondeu: "Olha irmão, sei muito bem o que sofre porque eu, muitas vezes, senti o mesmo: um grande cansaço. Quando isso me acontece, busco refúgio na oração e fico consolado. Uma vez, enquanto rezava, abatido, pareceu-me ouvir uma voz que me animava dizendo: "Angelo, não tomes a vida tão a sério". Dei ouvidos à voz e, a partir de então, enchi-me de tranquilidade e sossego. Faça o mesmo e verá". A serenidade de João XXIII está patente no seu "Decálogo", revelador de uma profunda confiança no amor de Deus e de amor à vida, em que cada instante é oportunidade feliz para o bem, o belo e a verdade. Se até da pedra rejeitada pelos homens que é Cristo, Deus constrói comunhão com a humanidade, como não nos abraçaria neste peregrinar de curvas e contracurvas, vitórias e derrotas que é a nossa vida? Lembra-nos Santa Teresa de Ávila: "Só Deus basta"!
(Comentário aos textos da liturgia católica, publicado na edição da Voz da Verdade de 02.10.2011 - imagem copiada daqui)
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