- Concílio deveria ter aceitado o diaconado permanente alargado às mulheres
- Qualidade das intervenções dos bispos portugueses no Concílio não foi brilhante
- Episcopado português foi empurrado que apanhou as orientações conciliares.
O arcebispo emérito de Braga D. Eurico Dias Nogueira defende que o Concílio Vaticano II deveria ter ido mais longe do que foi, designadamente aceitando e promovendo o diaconado permanente de mulheres. Numa interessante entrevista ao jornal digital da Renascença "Página 1", a propósito dos 50 anos do anúncio da convocação do concílio pelo papa João XXIII, D. Eurico, entrevistado pela jornalista Aura Miguel, responde deste modo à pergunta sobre se, ao olhar para trás, entende que algo ficou por fazer, daquilo que foi aberto pelos trabalhos e documentos conciliares:
"Estas coisas demoram tempo, mas muito se avançou, evidentemente. Pensemos na liturgia, por exemplo… Em alguns pontos, poder-se-ia ir mais longe, mas alguns,
mais conservadores, pensam que até se foi demais. Eu entendo, em relação a algumas questões, que até se foi de menos. Por exemplo, a questão do diaconado permanente… Chamar homens casados, para alguns, era demais, mas eu entendo que se foi de menos. Na minha óptica, o diaconado permanente deveria ser alargado às mulheres".
O arcebispo, que defende a convocação de um concílio a cada 50 anos, comenta a fraca qualidade da intervenção dos vários bispos portugueses que intervieram na aula conciliar. Recorre, para tal, a cartas que escreveu, ainda de Roma e que - refere ele- umas foram publicadas e outras não. As suas palavras são esclarecedoras:
«Apesar de um esforço meritório, não pode afirmar-se que a contribuição portuguesa
para o Vaticano II fosse muito brilhante. Exige a verdade que o confessemos. (...) O ambiente em Portugal (…) conservador e tradicionalista, e o nosso próprio temperamento determinaram um estado de espírito que nos levou a reagir, no início, contra uma orientação que se revelou maioritária na assembleia conciliar».
Interrompe a leitura da carta para comentar:
"De início, face a certas intervenções da Cúria, nós agarrávamo-nos à Cúria, enquanto
a grande maioria do episcopado ia noutra direcção, a que depois aderimos. Mas fomos empurrados. A princípio, houve muitas intervenções reaccionárias. E continuava a carta:
«Encontramo-nos muito longe do centro da Europa e as ideias novas, apesar da aviação, da rádio e da televisão, demoram a chegar ao extremo ocidental da Península» (risos).
Mais adiante:
«Daí que se olhassem, a princípio, quase com escândalo, certas posições que, com o tempo, acabaram por ser aceites quase sem reservas». Isto escrevi eu de lá, antes do Concílio ter terminado…»
[Crédito da foto: aqui]
"Estas coisas demoram tempo, mas muito se avançou, evidentemente. Pensemos na liturgia, por exemplo… Em alguns pontos, poder-se-ia ir mais longe, mas alguns,
mais conservadores, pensam que até se foi demais. Eu entendo, em relação a algumas questões, que até se foi de menos. Por exemplo, a questão do diaconado permanente… Chamar homens casados, para alguns, era demais, mas eu entendo que se foi de menos. Na minha óptica, o diaconado permanente deveria ser alargado às mulheres".
O arcebispo, que defende a convocação de um concílio a cada 50 anos, comenta a fraca qualidade da intervenção dos vários bispos portugueses que intervieram na aula conciliar. Recorre, para tal, a cartas que escreveu, ainda de Roma e que - refere ele- umas foram publicadas e outras não. As suas palavras são esclarecedoras:
«Apesar de um esforço meritório, não pode afirmar-se que a contribuição portuguesa
para o Vaticano II fosse muito brilhante. Exige a verdade que o confessemos. (...) O ambiente em Portugal (…) conservador e tradicionalista, e o nosso próprio temperamento determinaram um estado de espírito que nos levou a reagir, no início, contra uma orientação que se revelou maioritária na assembleia conciliar».
Interrompe a leitura da carta para comentar:
"De início, face a certas intervenções da Cúria, nós agarrávamo-nos à Cúria, enquanto
a grande maioria do episcopado ia noutra direcção, a que depois aderimos. Mas fomos empurrados. A princípio, houve muitas intervenções reaccionárias. E continuava a carta:
«Encontramo-nos muito longe do centro da Europa e as ideias novas, apesar da aviação, da rádio e da televisão, demoram a chegar ao extremo ocidental da Península» (risos).
Mais adiante:
«Daí que se olhassem, a princípio, quase com escândalo, certas posições que, com o tempo, acabaram por ser aceites quase sem reservas». Isto escrevi eu de lá, antes do Concílio ter terminado…»
[Crédito da foto: aqui]
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