Um ano depois de a Leonor Vaconcelos Ferreira nos ter deixado, a Faculdade de Economia da Universidade do Porto organizou uma sessão de homenagem aquela que foi, sem dúvida, uma das mais empenhadas e construtivas investigadoras do fenómeno da pobreza em Portugal. Na Voz Portucalense, jornal da diocese do Porto, há um pequeno resumo do que se passou no dia 19, que aqui se utiliza, um pouco mais sintetizado.
Manuela Silva foi a primeira a intervir. Abordou o novo conceito de pobreza involuntária como violação de Direitos Humanos fundamentais, que “como tal deve ser colocada na agenda política da responsabilidade dos governos nacionais e das instâncias internacionais, a par de outras matérias como a segurança ou a paz”. Observou que a actual crise obriga a repensar o modelo de crescimento económico num quadro mais amplo, “o da sua finalidade última de desenvolvimento humano e sustentável”. Assim, considera que a verdadeira erradicação da pobreza passa pela democratização da economia.
Ana Cardoso, investigadora coordenadora do Centro de Estudos para a Intervenção Social (Cesis), que Loenor Vasconmcelos integrou, apontou alguns desafios da pobreza – implicando uma correcção de certos mecanismos –, situados em 3 níveis:
- Numa concepção holística dos fenómenos da pobreza;
- Numa intervenção no sentido da transformação no modo de funcionamento de algumas instituições;
- Numa intervenção ao nível da tomada de consciência de cada cidadão e cidadã sobre o papel de cada um e de cada uma de nós na sua (re)produção e erradicação.
Manuel Brandão Alves, ex-presidente da Associação Nacional de Direito ao Crédito, falou sobre “O microcrédito como instrumento de robustecimento da economia social”, concluindo que são indispensáveis o empenhamento social e as “múltiplas formas de intervenção, nenhuma se substituindo às outras”.
Nuno Alves, do Banco de Portugal, afirmou que a educação é “um importante factor explicativo da pobreza em Portugal”.
Carlos Farinha Rodrigues, professor e investigador do ISEG-UTL (Lisboa), tentou identificar as principais características da desigualdade em Portugal. Maria do Pilar Gonzalez, professora e investigadora da FEP-UP (Porto), centrou-se nos “Diferenciais salariais de género em Portugal: Contributos de uma análise por grupos etários” e Virgílio Pereira, professor da FLUP-UP, desenvolveu a temática da "Desigualdade, Pobreza e Habitação Social: interrogações sociológicas geradas por uma investigação sobre a cidade do Porto". A encerrar, José Madureira Pinto, da Faculdade de Economia, reflectiu sobre os indicadores sociais.
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