domingo, 4 de outubro de 2015

Diálogo e humanismo, misericórdia e iluminação, direita e esquerda

Crónicas

A viagem do Papa a Cuba, Estados Unidos e ONU, que terminou domingo passado, a personalidade humanista do Papa e o início, este domingo, do Sínodo dos Bispos sobre a Família, no Vaticano, são os temas abordados pelos cronistas aqui trazidos habitualmente – e aos quais, a partir de agora, se junta um outro nome: o do padre Paulo Terroso, da diocese de Braga. Nascido em 1978, Paulo Terroso foi ordenado padre em 2003 e está neste momento em Roma a estudar na área da comunicação. Escreve semanalmente no suplemento Igreja Vivado Diário do Minho, e alimenta o blogue Igreja Media.


No texto desta semana, Paulo Terroso escreve sobre o método do diálogo do Papa. Com o título Diz o Papa Francisco: “O diálogo é o nosso método”. Será?, escreve:
Se pensarmos bem, talvez até cheguemos à conclusão que a agitação dentro e fora da Igreja, a propósito do Sínodo da família, se deva ao facto de não de se terem criado instâncias de diálogo abertas e transparentes, onde posições seriamente divergentes pudessem ser expressas em clima de liberdade e serenidade.
(texto na íntegra aqui)


No comentário aos textos bíblicos da liturgia católica deste domingo, Vítor Gonçalves fala do Sínodo que este domingo começou em Roma. Sob o título O amor é misericórdia, escreve:

Mais do que decisões "revolucionárias" pergunto-me como irá propor o Sínodo da Família o amor e a misericórdia na vocação matrimonial e familiar a que Deus chama. A santidade proposta por Jesus deixou de atrair a humanidade, simplesmente porque Ele derramou o perdão e abriu caminhos de futuro a quem era "imperdoável" e vivia como excomungado? Será a santidade ainda um "triunfo individual" para quem não se "corrompeu" com as fragilidades do mundo, ou uma graça "comunitária" para quem muito "é perdoado, porque muito amou"? A verdade que liberta tem muito mais a ver com a realidade que precisa de ser salva, do que com o ideal (felicidade para quem o vive e o testemunha) que é preciso oferecer a todos.
(texto na íntegra aqui)


Na crónica de sábado no DN, Anselmo Borges escreve sobre o Papa, com o título Ilumina-o ou elimina-o:

Francisco também tem adversários e até inimigos. Porque grandes interesses se sentem abalados. Políticos há que o consideram "o homem mais perigoso do planeta". Os mais refractários, porém, talvez estejam na Igreja. E aí está o confronto explícito, mas o pior é a luta sub-reptícia, mesquinha e odienta, escondida cobardemente no anonimato. Não faltarão os que vão dizendo lá no íntimo: "Senhor, ilumina-o ou elimina-o." As próximas três semanas do Sínodo, que amanhã começa em Roma, serão das mais difíceis para Francisco. Ele sempre pede: "Por favor, rezem por mim." Ele sabe porquê.
(texto na íntegra aqui)


Sexta-feira, no CM, Fernando Calado Rodrigues também refere o Papa e as suas posições sociais, sob o título Igreja, Direita e Esquerda:

Na verdade, ele não é de esquerda nem de direita, mas alguém que quer responder às questões que afetam e preocupam os homens e mulheres de hoje. Como são o acolhimento aos divorciados recasados e aos homossexuais, ou o papel da mulher na Igreja.
Para dar resposta a estes e outros problemas, o Papa quer que se reflita, se discuta e que, à luz do Evangelho e em conformidade com a tradição da Igreja, se encontrem as soluções adaptadas aos dias de hoje. Apesar de ter pedido isso à Igreja, nomeadamente na preparação do próximo Sínodo dos Bispos, ainda se nota pouco essa preocupação no interior das organizações católicas...
(texto na íntegra aqui)


No Público de hoje, frei Bento Domingues começa por referir a filósofa, psicanalista e romancista Julia Kristeva. Mas o título do texto é Papa Francisco, incarnação do novo humanismo:

Para evitar as confusões, P. Ricoeur recusava a designação de filósofo cristão, para evitar qualquer suspeita acerca da autenticidade do seu método filosófico. Dizia-se um filósofo de expressão cristã, assim como existem cristãos de expressão pictória, como Rembrandt ou de expressão musical como Bach. Irritava-se quando lhe diziam: se você fosse chinês haveria poucas possibilidades de ser cristão. “Não estão a falar de mim, mas de um outro. Não posso escolher nem os meus antepassados nem os meus contemporâneos. Nasci e cresci na fé cristã de tradição reformada. Mantenho-me nessa tradição, confrontada indefinidamente, no plano de estudo, com todas as tradições, adversas ou compatíveis, através de uma escolha contínua”. Recusou a cristologia sacrificial que faz de Deus um monstro e do ser humano um escravo. Não pode fazer parte de nenhum humanismo. Compreendo todos esses cuidados. 
O Papa Francisco incarna, no mundo de hoje, o humanismo libertador de Jesus Cristo. Não só denuncia o que na religião, na finança, ou na política mata a vida dos pobres e destrói a natureza, como se manifesta tão humano que o divino respira em todos os seus gestos.
(texto na íntegra aqui)

Texto anterior no blogue
Eleições e catolicismo: "A Igreja Católica aprendeu as regras do jogo democrático" - reportagem

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