Uma petição assinada por vários
teólogos espanhóis prestigiados pede ao Sínodo dos Bispos e ao Papa que os
divorciados recasados possam ser aceites à comunhão, argumentando que, desse
modo, a Igreja estará a ser fiel ao espírito do Evangelho. A petição, que pode ser lida aqui, apresenta um conjunto de razões
bíblicas e antropológicas, destinando-se a ser assinada por quem com ela
concordar.
No texto, agradece-se ao Papa os
seus esforços “no meio de resistências tão cruéis, para dar à Igreja um rosto
mais conforme com o Evangelho e com o que Jesus merece”, num caminho de uma
“misericórdia exigente”.
O primeiro ponto da petição
recorda:
Na Palestina do século I, as palavras de Jesus diziam directamente
respeito ao marido que atraiçoa e abandona a sua mulher, porque gosta mais de
outra ou por motivos deste género. Portanto, são em primeiro lugar uma defesa
da mulher. Aí, sim, a frase do Mestre é sem apelo: “Não separe o homem o que
Deus uniu”.
No tempo de Jesus, não se conhecia a situação de um casamento que
(talvez por culpa dos dois ou por uma incompatibilidade de modos de ser, não
descoberta antes), fracassa no seu projecto de casal. Dada a situação da mulher
em relação ao marido, na Palestina do século I, essa hipótese era impensável. E
aplicar as palavras de Jesus a uma situação desconhecida no seu tempo, quando o
que há não é o abandono de uma parte, mas um fracasso dos dois, poderia
equivaler a desfigurar essas palavras. Estaríamos assim a manipular Jesus no
altar da própria segurança dogmática e a pôr a letra que mata acima do espírito
que dá vida, contra o conselho de São Paulo.
O texto integral pode ser lido na ligação
antes referida, onde também está disponível um campo para que cada pessoa possa
assinar a petição, se assim o entender.
Texto anterior no blogue
Casamento e início do Sínodo, a originalidade do Papa e os espelhos - de Narciso ou de Jesus - crónicas do último fim-de-semana
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