a igreja estava às escuras quando entrei, vindo da rua iluminada, os olhos demoraram a adaptar-se às sombras que se adivinhavam, os andaimes postos a subirem ao céu que se pinta no teto bem no alto do templo, e assim ficaram templo e sombras a ganharem novos contornos mais definidos à medida que a noite se iluminava. Primeiro a palavra, as palavras, depois o cântico, por fim a luz que compôs rostos e corpos, andaimes e plásticos, numa metáfora que feiava a igreja mas embelezava a notícia da vitória da vida. Dos andaimes que precisamos de permanentemente manter na construção que é a nossa vida, esta vida - e Bruxelas e Paris e Aleppo e Abidjan e Ancara e o mar Mediterrâneo e o golfo de Aden e todos os mapas que preferíamos não escrever com as palavras da violência e da morte. A luz invadiu de vez o templo. Surrexit Dominus vere.
Esta é a noite... mais luminosa que o dia.
(texto e sugestão de canto reproduzidos daqui)
Texto anterior no blogue
Farricocos, espiritualidade, tradição e património
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