segunda-feira, 2 de maio de 2011

Jornalismos

Está a decorrer no Vaticano um encontro de 150 bloggers, no quadro das iniciativas várias que a Igreja Católica vem fazendo no sentido de estar presente e tirar partido das novas plataformas digitais e redes sociais.
A Agência Lusa achou interesse na iniciativa e ouviu pelo menos duas pessoas para um trabalho que difundiu pelos seus clientes: o P. Calado Rodrigues, de Bragança, e o autor destas linhas. Quanto ao sacerdote e jornalista brigantino, sugere um caminho que não deixa de merecer consideração: se a Internet é um (ciber)espaço, não mereceria que existissem párocos a trabalhar assumidamente nesse âmbito? Mas as coisas, considera ele, avançam, a este nível "devagar, devagarinho".
Na parte que me toca, sustentei que não basta a adopção das novas ferramentas da web; é necessária uma nova atitude, uma comunicação menos unidireccional e mais interactiva, mais voltada para a escuta do mundo.
A jornalista captou mais ou menos o que fomos conversando, ainda que o registo das perguntas me tenha parecido o de quem estava a tratar um assunto com o seu quê de exótico - uma instituição milenar a organizar - no Vaticano - um encontro de bloggers, por exemplo.
Onde ela não entrou foi na definição que procurei dar-lhe deste blog: que não se tratava de um bog católico e. menos ainda, porta-voz da Igreja, mas um espaço de abertura ao multiforme fenómeno do religioso na nossa cultura, do qual o catolicismo é certamente uma expressão fundamental. Conclusão dela: "Manuel Pinto, bloguista religioso 'e não católico' (...)".
Tão interessante e sintomático como esta conclusão: vários media, alguns dos quais conhecedores de como me posiciono nesta matéria, lá transcrevem, fiel e caninamente, a agência Lusa, sem pestanejar nem corrigir. Enfim, jornalismos.

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