A esmagadora maioria dos comentários até este momento emitidos a propósito de tão surpreendente e rara decisão foram no sentido de respeitar e, em alguns casos, admirar e louvar este gesto de Bento XVI. Ratzinger, recorde-se, invocou motivos de saúde que lhe têm acarretado, nos últimos tempos, um declínio da energia necessária ao cumprimento das suas atribuições.
O registo de resignações por arte de Papas é escasso, sobretudo se se puserem de lado casos em que tais decisões podem ter sido forçadas. O National Catholic Reporter elenca os casos seguintes, num texto do teólogo jesuíta Thomas J. Reese:
- Clemente I (92? -101). Epifânio afirmou que Clemente abdicou do pontificado para Lino em favor da causa da paz, tendo-se tornado papa novamente após a morte de Cleto.
- Ponciano (230-235). Alegadamente renunciou após ter sido exilado para as minas da Sardenha durante a perseguição de Maximino Thrax.
- Ciríaco. Um personagem fictício criado na Idade Média que supostamente recebeu uma ordem do céu para renunciar.
- Marcelino (296-304). Abdicou ou foi deposto depois de cumprir a ordem de Diocleciano para oferecer sacrifício a deuses pagãos.
- Martinho I (649-655). Exilado pelo imperador Constâncio II na Crimeia. Antes de morrer, o clero de Roma elegeu um sucessor que ele parece ter aprovado.
- Bento V (964). Depois de um mês no cargo, aceitou a deposição pelo imperador Oto I.
- Bento IX (1032-1045). Bento demitiu-se depois de vender o papado ao seu padrinho Gregório VI.
- Gregório VI (1045-1046). Deposto por simonia por Henrique III.
- Celestino V (1294). Um ermita, eleito já com 80 anos, renunciou sob o peso da função. Acabou por ser preso pelo seu sucessor.
- Gregório XII (1406-1415). Resignou, a pedido do Concílio de Constança, a fim de ajudar a pôr termo ao Grande Cisma do Ocidente.
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