Crónicas
No dia em que o Papa Francisco termina a sua viagem ao México visitando
Ciudad Juárez, vale a pena recuperar a crónica de Alexandra Lucas Coelho sobre
Peter e Betty, que vivem naquela que é uma das cidades mais violentas do mundo.
Com o título Se Cristo fosse vivo,
escrevia:
Conheci Peter e Betty em 2010. Ele
tinha 87 anos, ela 76.
Viviam num bairro pobre da cidade
mais violenta do mundo. Não eram marido e mulher, nem parentes, mas algo que eu
nunca tinha visto num par: camaradas de casa, de luta e de Deus. Peter crescera
na Chicago de Al Capone, fora piloto na II Guerra, sobrevoara Nagasáqui depois
da bomba, tornara-se padre carmelita. Um dia partiu para a América Latina onde
encontrou Betty, que crescera no Iowa entre 13 irmãos, era freira e enfermeira
da Ordem da Misericórdia, trabalhava com os índios nas montanhas do Peru.
Juntos percorreram o continente, entre combates e ditaduras, até que nos anos
1990 foram viver para Ciudad Juárez, fronteira do México com a cidade texana de
El Paso. Essa semana em que os conheci foi igual à anterior e à seguinte em
Juárez, corpos furados de balas ou sem cabeça, mulheres violadas, tiroteio,
raptos, tortura, extorsão. Peter e Betty não viviam em Juárez apesar disto, mas
por isto. A vida deles era, a cada dia, abraçar os vivos e honrar os mortos.
(texto para continuar a ler aqui)
Domingo, no Público, frei Bento Domingues escrevia, sob o título Tanta misericórdia já aborrece:
À saída de uma Igreja em Braga, um
senhor, que eu não conhecia, veio directo a mim, indignado: eu já não
posso com tanta misericórdia! Sem suspeitar o que dali podia vir, pedi-lhe
alguma para mim. Explicou-se. Como bom e velho bracarense, sou católico, desde
pequeno. Aprendi a doutrina na família e na igreja, onde também casei. Tenho
filhos e netos. A minha mulher educou-os bem, raramente falto à missa e
pertenço a várias confrarias.
Sendo assim, disse-lhe que não
precisava da misericórdia de ninguém. Sorriu e acrescentou: sei quem é e
conheço as suas ideias. Quero desabafar.
(texto para continuar a ler aqui)
Sexta, no CM, Fernando Calado
Rodrigues escrevia sobre A ilha da reunião:
O Papa Francisco e o Patriarca
Cirilo, da Igreja Ortodoxa Russa, encontraram-se hoje em Havana, Cuba. Nos anos
60, esta ilha foi o palco da tensão mais grave entre as duas superpotências de
então – os Estados Unidos e a União Soviética – colocando o mundo à beira da
guerra nuclear. Na altura João XXIII contribuiu para que prevalecesse a paz. E,
há pouco tempo, o Papa Francisco conseguiu que Cuba e os EUA reatassem relações
diplomáticas suspensas há mais de cinquenta anos.
(texto para continuar a ler aqui)
Sábado passado, no DN,
Anselmo Borges escrevia, sob o título Viver:
E aí estão três tarefas para a
espiritualidade: dar-se conta do viver; agradecer por a Vida nos fazer viver,
nos vivificar: vivemos graças à Fonte da Vida; vivificarmo-nos, darmos vida uns
aos outros, na compaixão e na ajuda mútua para nos libertarmos. Lá está o poema
zen: "O que é o mar? O que permite o peixe nadar. O que é o ar? O que
permite o pássaro voar. O que é o Nada e o Vazio? A Vida que te faz
viver." "Vejo a ervita entre as gretas do pavimento. Donde lhe virá a
força para abrir passagem entre o asfalto?" "Palpo aqui uma Presença
latente/Não sei quem é. /Mas brotam lágrimas de agradecimento." Então, o
que é morrer senão sair para dentro da Vida verdadeira, definitiva e eterna:
"vida no seio da Vida da vida"?
(texto na íntegra aqui)
No comentário aos textos bíblicos da liturgia católica de Domingo
passado, Vítor Gonçalves escrevia sobre Livros livres:
Entramos em Quaresma em ambiente
de luta e de escolha. Ler e pensar são dois grandes presentes de qualquer
livro. E a Bíblia continua a ser um dos mais interpeladores. Se nas suas
palavras, e nas de muitos livros lidos, vislumbrarmos como Deus nos ama livres
e responsáveis, a Páscoa acontecerá todos os dias!
(texto na íntegra aqui)
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