Crónicas
No comentário aos textos bíblicos da liturgia católica deste domingo,
Vítor Gonçalves fala de uma viagem pelos lugares por onde andou Jesus; na Voz
da Verdade, sob o título Aqui, escreve:
Na multiplicação dos pães e dos
peixes, Jesus indica-nos como não ficar na simples contemplação de um milagre
do passado. Primeiro que tudo, a atenção à realidade: o aqui e agora das
pessoas, o espaço e o tempo em que estão (...), as necessidades mais urgentes
(a fome, pois “não adianta pregar a estômagos vazios”!). Em seguida, a
interpelação aos discípulos para participarem na resolução do problema: (...)
Depois, recolher o que existe: (...) De facto, o grande impedimento a que os
milagres aconteçam é sempre o mesmo: o egoísmo humano, misturado com a ganância
e a sede de poder e domínio! Num quarto momento deste processo de
transformação, Jesus compromete os discípulos na distribuição dos dons, a todos
(...). Por fim, nada pode ser desperdiçado: o que sobra pode ser útil a outros,
noutras necessidades, e saciar muitas outras fomes! Parece simples e ao alcance
de todos, não é? Então porque o fazemos tão pouco?
(texto aqui na íntegra)
Na crónica de hoje, sábado, no DN, Anselmo Borges regressa à viagem do Papa à América do Sul. Sob o título
Francisco: uma Igreja outra, diz:
Pede-se compreensão para a
integração plena na vida da Igreja, incluindo a comunhão sacramental, dos
recasados e dos homossexuais.
Impõe-se repensar a lei do
celibato obrigatório. Aqui, pergunto eu: pode a Igreja impor como lei o que
Jesus entregou à liberdade? O celibato enquanto lei não será contra a natureza
humana? Já se pensou suficientemente na miséria humana, afectiva e moral, a que
esta lei pode levar? Não poderá Francisco permitir a ordenação de homens
casados "provados" e reintegrar padres que tiveram de abandonar o
exercício do sacerdócio para se casar?
Os leigos têm de ver reconhecidos
os seus direitos na Igreja. Aqui, também sou eu que digo: ao nível
institucional, a Igreja tem pela frente duas tarefas urgentes: a da democracia
e a do reconhecimento da igualdade das mulheres.
(texto aqui na íntegra)
No CM de sexta-feira,
Fernando Calado Rodrigues parte também da recente viagem do Papa. Sob o título A
Igreja e o ter, escreve:
O que o Papa tem criticado é o
sistema económico em que “o capital se torna um ídolo” e em que “a avidez do
dinheiro domina todo o sistema socioecónomico”, como disse na Bolívia. Tem
apelado a dizer não “a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro
reina em vez de servir”. Mas daí não se pode concluir que defenda um sistema,
que, como a história demonstrou, para além de não garantir o acesso à
propriedade privada, acaba por aniquilar as liberdades individuais.
(texto aqui na íntegra)
Texto anterior neste blogue: A carta inesperada - Um ecologista lê a Laudato Si'
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