Lucetta Scaraffia (foto reproduzida daqui,
onde também se pode ler uma entrevista com a historiadora e ensaísta)
Dizer
a humanidade com voz de mulher é o título da conferência que Lucetta Scaraffia,
professora de História Contemporânea da Universidade de Roma La Sapienza, fará
na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, na próxima terça-feira,
dia 10, às 18h (Auditório Padre José Bacelar e Oliveira, no edifício
antigo da UCP).
A conferência, em italiano, e com tradução
simultânea e entrada livre, é promovida pelo CITER (Centro de
Investigação em Teologia e Estudos de Religião), em parceria com
o Instituto Italiano de Cultura, no âmbito do ciclo Lições Italianas sobre
Estudos de Religião.
Responsável editorial da revista Donne, Chiesa, Mondo (Mulheres, Igreja, Mundo; a colecção da revista,
em italiano, pode ser consultada e lida aqui), publicada na
primeira quinta-feira de cada mês como suplemento do jornal L’Osservatore
Romano, do Vaticano, Scaraffia é também ensaísta e jornalista e tem-se
dedicado à investigação sobre história das mulheres e história religiosa.
Publicou vários trabalhos sobre religiosidade feminina, cristianismo e
sexualidade e acerca do lugar das mulheres na Igreja Católica. O futuro
é também feminino?, livro dedicado a este último tema, com o contributo de
várias mulheres e dirigido por Lucetta Scaraffia, está também disponível em
Portugal, numa edição da Paulinas.
Um outro livro da sua
autoria, resultado da sua participação, como observadora, no recente Sínodo dos
Bispos sobre a família, é Dall’ultimo banco. La chiesa, le donne, il sinodo (Desde o último banco.
A Igreja, as mulheres, o sínodo, também já editado em espanhol; nesta outra
ligação, pode ler-se um texto, em italiano, acerca do
livro).
Nessa obra, resume-se numa informação divulgada
pelo CITER, a autora defende a ideia de que a Igreja Católica está muito
atrasada em relação à história e ao Evangelho, “enquanto a diversidade de
carismas que derivam da diferença de género permanecerem conjugados como
exclusão e subordinação e não como igualdade efectiva”. Na sua obra e nos seus
textos, Scaraffia defende a necessidade de pensar e propor novos “espaços e
modalidades de participação feminina na vida eclesial”.
Na conferência de terça-feira, a directora de Donne
Chiesa Mondo “irá destacar como entre os humanismos a construir num
diálogo entre vozes diferentes e não necessariamente reconciliáveis, não pode
faltar a voz da mulher”. Esta deve ser “uma forma de expressão de
subjectividades que, na história milenar da humanidade, foram confinadas à mera
funcionalidade biológica e a uma condição de subordinação e mutismo social, na
radical remoção e mortificação da sua autonomia simbólica, ética e
antropológica.” E defenderá ainda que nenhum humanismo “pode renascer no nosso
tempo se não for nele audível uma inconfundível voz de mulher”.
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