Crónicas
Nas
crónicas do fim-de-semana último, o Papa e o inquérito de preparação do Sínodo
dos Bispos sobre a família foram tema de algumas crónicas dos jornais. Na
sexta, no Correio da Manhã, Fernando Calado Rodrigues concluía:
Não se prevêem mudanças na
doutrina católica sobre o matrimónio e a família, mas é razoavelmente seguro
que a forma da Igreja lidar com estas questões não será a mesma depois deste
Sínodo.
O
texto pode ser lido aqui na íntegra.
Já
antes, no Expresso, Daniel Oliveira falava da “reevangelização benigna de
Francisco”:
Dirão
que, sendo eu ateu, nada que diga respeito à Igreja Católica e ao Vaticano me
deveria interessar grandemente. Mas interessa-me muito. Vivemos num tempo de
domínio duma corrente cultural (e ideológica) que valoriza o individualismo
levado até às suas últimas consequências. Ela alimenta-se da destruição de
todas as redes estáveis de solidariedade e pertença, elogiando cada individuo
que, solitariamente, se exponha ao risco absoluto e desprezando todos os que
acreditam na capacidade coletiva de interajuda. (...) Esta moral dominante,
pela desintegração social e moral que promove, é inimiga da Igreja Católica e
da manutenção do seu próprio poder social, político e espiritual. E, por razões
diferentes, é inimiga dos que, como eu, defendem uma sociedade baseada num
espírito igualitário e na mutualização do risco. O que faz das áreas de
pensamento em que me situo e de uma igreja empenhada em pôr travão ao que
considero ser a maior regressão civilizacional em alguns séculos, bem
representada por este Papa, potenciais aliadas nas atuais circunstâncias.
No
domingo, no Público, frei Bento Domingues defendia que é necessário “Enterrar o
tridentinismo”:
G.
Alberigo julgava que o tridentinismo tinha morrido no Vaticano II. De facto,
ressuscitou nos anos 80, com as chamadas proposições irreformáveis do
magistério, mesmo quando não traziam o certificado da “infalibilidade”. É a
teologia que sofre e imigra. Espero que tenha sido das últimas décadas de
esterilidade teológica.
Ao
que parece, o Papa Francisco quer voltar a dar a palavra a todos os católicos e
ouvir todas as pessoas de boa vontade.
(o
texto pode ser lido aqui, na
data de 10 de Novembro de 2013)
Também
no Público, Laura Ferreira dos Santos questionava o método que irá ser
escolhido pelos bispos para ouvir os crentes:
Este
não é um inquérito qualquer. Se passar à margem dos católicos individuais,
penso que desse modo se atraiçoarão as próprias intenções de Francisco, assim
como as de tantos católicos que, através dele, sentem mais próxima de si a
ternura de Cristo. Como afirma Thomas Reese no National Catholic Reporter do
passado dia 7, Francisco já perguntou, noutro contexto: “Será que os conselhos
diocesanos e paroquiais possibilitam verdadeiras oportunidades para que os
leigos participem no aconselhamento, organização e planeamento pastorais?”.
(texto completo aqui, na
data de 10 de Novembro de 2013)
No
sábado, no DN, Anselmo Borges voltava-se para a questão da razão e
defendia que “Não é bom descer abaixo da razão”:
Mas que tantas vezes se desce abaixo da
razão – disso não há dúvida. Exemplos quotidianos um pouco a esmo. Não é
segundo a razão, enquanto um banco se afundava a ponto de ter de fechar, haver
salários milionários para alguns. Não está de acordo com a razão a austeridade
não ser equitativa: continuam as mordomias, os privilégios, o número de
multimilionários aumenta. Não é segundo a razão ter vivido na euforia gastadora
irracional e esbanjar recursos à toa ou para vantagem apenas de alguns,
espoliando o bem comum. Não é segundo a razão ter aberto instituições de ensino
superior de modo cego.
No seu comentário às leituras da liturgia católica
de domingo, Vítor Gonçalves perguntava: “Para onde?”:
Já
pensámos que cada um de nós, pelas escolhas que assume, vai também construindo
o futuro? Que as mudanças mais importantes começam dentro de cada um de nós? E
que, no fundo, a verdadeira transcendência não tem tanto a ver com “o mais
acima”, ou “o mais além”, mas “o mais dentro” das pessoas e da vida? Podemos
ter mil e uma ideias de como Deus é; Jesus insiste: “é um Deus de vivos”! Com
todas as consequências que isso implica de responsabilidade e surpresa!
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