Na crónica de hoje, no DN, Anselmo
Borges escreve sobre Mãe Terra e ecomanidade:
A humanidade continua dividida
entre os que beneficiam dos recursos da natureza e da técnica (uns 20%) e os
que estão à margem e abandonados (os outros 80%). Se quiséssemos universalizar
o nível de consumo dos países ricos, precisaríamos de três Terras iguais àquela
em que habitamos. Aproximamo-nos dos limites da Terra e forçá-la faz que ela
reaja na forma de furacões, secas, inundações, tsunamis e todos os tipos de
catástrofes, continua Boff. Num mundo limitado, não é possível um progresso
ilimitado. Impõe-se reduzir o consumo e entrar na moderação partilhada. Claro
que precisamos de desenvolvimento, mas ele tem de ser sustentado e sustentável,
pensando também nos pobres e nas gerações futuras.
Precisamos de um novo
macroparadigma, para lá do antropocentrismo devorador. No dizer de Bertrand
Piccard, "é preciso tender para a "ecomanidade", que alia
ecologia, economia e humanismo".
(texto completo aqui)
Na crónica de sexta-feira no CM,
Fernando Calado Rodrigues escreve sobre O Papa e a arcebispa:
(...) Para outros, o Papa, ao
acolher uma mulher ordenada, que apoia o casamento de pessoas do mesmo sexo na
igreja, está a dar um sinal de abertura à admissão de mulheres ao sacramento da
ordem e dos homossexuais ao sacramento do matrimónio, bem como à revisão da
abordagem católica da família e da sexualidade. De facto, ele tem defendido a
promoção da mulher na Igreja, que não passa necessariamente pela sua ordenação.
E também tem apelado ao acolhimento das pessoas homossexuais, sem nunca pôr em
causa o modelo heterossexual do matrimónio católico.
(texto completo aqui)
No comentário aos textos bíblicos da liturgia católica deste Domingo da
Ascensão (que se celebra amanhã, dia 17), Vítor Gonçalves escreve, na sua
crónica À Procura da Palavra, sob o
título Ascender e “estender”:
Um dos lugares da Terra Santa que
recordo com um sorriso é o daquela pequena capela que assinala a Ascensão de
Jesus, num dos montes circundantes de Jerusalém, que tem uma cúpula com uma
enorme abertura para o céu. “Pois”, dizia o guia com graça, “se assim não
fosse, Jesus teria batido com a cabeça ao subir ao Céu”. E esta graça liga-se
com uma realidade que me encanta, que a memória de alguns lisboetas ainda
guarda, de a Igreja de São Domingos, após o incêndio de agosto de 1959, ter
ficado um ano sem nenhuma espécie de telhado, celebrando-se a missa em pleno
céu, sempre que o céu não mandava chuva! É certo que a ressurreição de Jesus
inclui já a Ascensão e a vinda do Espírito Santo, e a festa deste dia significa
uma espécie de “licenciatura” dos apóstolos (quer dizer, licença para
evangelizar!) mas sinto nela um convite a “ir para os campos”, a banharmo-nos
de sol, a apanhar as espigas e as papoilas, a saborear uma criação que é
bênção!
Consciente do perigo que é ter
várias coisas que gostava de partilhar, e quase todas relacionadas com os mais
novos, começo pela urgência de apanharmos sol e ar livre. Os espaços fechados
de casa ou dos centros comerciais, a dependência maior dos aparelhos
tecnológicos e dos écrans está a gerar “miopia, uma epidemia global, [que]
cresce entre os mais jovens por causa da falta de sol (título do Público de
domingo passado). Na China foi lançado um projecto-piloto de turmas em que foi
aumentado o número de horas de exposição solar, “com a criação de uma
disciplina de Ar: ‘Durante uma hora e meia têm de vir cá para fora. Não estão a
fazer nada, estão a apanhar luz do sol”. Estranho? Leiam e reflictam. Por
muitas razões Jesus chamou os discípulos para “andarem com Ele”. Ao ar livre!
Como podemos “ascender” (quer dizer, elevar o espírito) se nos fechamos em
tantas caixas: casa, quarto, centros comerciais, luz artificial, écrans…! Não
fez bem aos discípulos o sol que apanharam?!
O segundo tema parece oposto: um
adulto com 78 anos “terá passado 25 anos a dormir”(da revista Notícias Magazine
também de domingo passado)! Perda…ou ganho de tempo? Olhem para a qualidade dos
nossos sonos! Dos miúdos que chegam às aulas “podres de sono” porque a
televisão, a consola, o tablet já invadiram os seus quartos (para consolo dos
pais que lhes dão tudo!), e dos que trabalham até tarde ou chegam a “desoras” a
casa. “Não se aprende sem dormir; não se adquirem nem se consolidam
conhecimentos sem dormir; nada de novo se cria no cérebro humano sem um sono
reparador”, afirma Helena Rebelo Pinto, professora catedrática, no mesmo
artigo. Sim, Jesus acordou os discípulos que adormeceram no horto das
Oliveiras, mas como podemos “ascender” sem que cada dia seja trabalhado pelo
sono retemperador?
E termino com a mensagem do Papa
Francisco para o dia das comunicações sociais que se assinala nesta data. “Os
meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens,
tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as
famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta,
de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e
de espera, (….) podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a
permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar
possível sem cessar o encontro.” Como “ascender” sem nos “estendermos”?
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