Crónicas
A primeira encíclica do Papa Francisco, Lumen Fidei, ou luz da fé, é o tema de duas crónicas deste fim-de-semana: no DN de sábado, Anselmo Borges destaca alguns aspectos do texto (e do facto de o actual Papa retomar um esboço já muito completo preparado pelo seu antecessor) para, no final, notar duas lacunas:
A primeira encíclica do Papa Francisco, Lumen Fidei, ou luz da fé, é o tema de duas crónicas deste fim-de-semana: no DN de sábado, Anselmo Borges destaca alguns aspectos do texto (e do facto de o actual Papa retomar um esboço já muito completo preparado pelo seu antecessor) para, no final, notar duas lacunas:
Penso que é
pena a encíclica não começar pelo dado antropológico de base: a vida humana
está desde a raiz fundada na fé, na confiança. Na presente situação,
percebemo-lo perfeitamente, pois o que nos falta é precisamente fé, confiança,
crédito.
Leonardo
Boff também chamou a atenção para outra lacuna: não aborda com profundidade a
crise de fé do homem contemporâneo, as suas dúvidas, as suas perguntas. Onde
está Deus, quando um tsunami faz milhares e milhares de mortos? Como crer
ainda, depois dos campos de extermínio, dos milhões de torturados e
assassinados no corpo e na alma? "Crer é sempre crer apesar de... A fé não
elimina as dúvidas e angústias de um Jesus que grita na cruz: 'Pai, porque me
abandonaste?'A fé tem que passar por este inferno e transformar-se em
esperança de que para tudo há um sentido, mas escondido em Deus. Quando se
revelará?"
A encíclica
[diz]: “A luz da fé não dissipa todas as nossas trevas, mas, como lâmpada, guia
os nossos passos na noite, e isto basta para caminhar.”
O texto completo está disponível aqui.
Na
véspera, no CM, Fernando Calado Rodrigues sublinhava a importância que o
documento dá ao diálogo entre a fé e a razão:
[O
Papa] procura demonstrar que a fé não se opõe
à busca da verdade, mas até a pode potenciar. Nem a razão precisa de se
libertar da fé, como propunha o Iluminismo no século XVIII, para a ciência
poder avançar e desenvolver-se; pelo contrário, deve desenvolver com ela
sinergias.
O olhar da ciência tira benefício da
fé: esta convida o cientista a permanecer aberto à realidade, em toda a sua
riqueza inesgotável. A fé desperta o sentido crítico, enquanto impede a
pesquisa de se deter, satisfeita, nas suas fórmulas e ajuda-a a compreender que
a natureza sempre as ultrapassa.
Convidando a maravilhar-se diante do
mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o
mundo que se abre aos estudos da ciência", afirma o Papa Francisco no
surpreendente número 34 desta encíclica.
O texto completo pode ser lido aqui.
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