“A pobreza não se resolve com medidas só de dimensão assistencial. Precisa de respostas mais estruturantes e a resposta mais estruturante que, neste momento, tem que existir para vencer a pobreza é voltarmos a devolver o trabalho às pessoas que o perderam”, defende Eugénio da Fonseca, em declarações à Renascença.
Para o presidente da Cáritas, “é aí que reside, para todas elas, a fonte da autonomia que desejam para poderem retomar a normalidade da vida que tinham”.
O número de residentes em Portugal a viver em condições de privação material aumentou entre 2011 e 2012. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revelados ontem, 21,8% da população foi afectada por estas dificuldades no ano passado, num total a rondar os 2,3 milhões de pessoas. Por outro lado, a privação material severa também cresceu no mesmo período - de acordo com o INE, incidiu sobre 8,6% da população em 2012, ou seja, cerca de 900 mil residentes.
Eugénio da Fonseca considera que a realidade pode ser ainda mais grave e lembra o recente estudo da Cáritas, que aponta para 2,7 milhões de portugueses na pobreza.“Já conseguimos ter ao nível das taxas de desemprego indicadores actualizados, com diferenças de meses. Não podemos continuar a ter, em fl agelos tão graves como o da pobreza, dados que se reportam a um ano e a dois anos, porque isso, em termos da evolução dos problemas, torna-se tão rápido que a actuação que devemos ter sobre esses mesmos problemas revela-se desajustada. Estamos, muitas vezes, a actuar sobre causas que podem já estar muito mais agravadas do que aquilo que nós supomos”, sustenta.
Eugénio da Fonseca sustenta que “a solidariedade dos portugueses tem cumprido uma missão importantíssima, porque, se não fosse assim, a taxa da chamada pobreza severa, a que o estudo se refere, era muito maior”. “Tem sido graças a essa solidariedade que, pelo menos, há pessoas que ainda conseguem fazer mais refeições por dia, que ainda conseguem ter assegurada a sua casa e algum conforto na sua casa: não têm a luz cortada, têm acesso ao gás, a medicamentos cujas comparticipações não baixaram, há crianças que continuam nos infantários, alunos que não interromperam a sua carreira académica.” [LUSA]
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