Crónicas - À Procura da Palavra
(ilustração reproduzida daqui)
No
seu comentário à liturgia católica deste domingo, (II do tempo comum no
calendário litúrgico), pergunta Vítor Gonçalves, sob o título “Arriscar o
quê?”:
(...)
deixo uma sugestão de aprofundamento para um estudo apresentado esta
quinta-feira sobre “Literacia social: os valores como fundamento de
competência” onde se constata que “86,4% das pessoas que ganham até
500 euros considera muito importante ajudar os outros, percentagem que vai
baixando à medida que os rendimentos aumentam e que atinge o valor mais pequeno
– 46,7% – quando chega ao grupo dos que ganham mais de 4 mil euros por mês” e
se conclui: “Os portugueses com mais habilitações e mais rendimentos são os que
dão menos importância à solidariedade, à justiça e aos valores democráticos.”
(O
texto completo pode ser lido aqui)
No
domingo anterior, em que se celebrava o baptismo de Jesus, escrevia o mesmo
autor, com o título “Descoberta ou ritual?”:
Hesitei
demoradamente em iniciar estas palavras semanais com a experiência forte do
filme “12 anos escravo” que relata o drama da escravatura nos meados do século
XIX nos Estados Unidos. Baseado na vida real de Solomon Northup, que vivendo
livre em Nova Iorque em 1841, com a esposa e os filhos, se viu reduzido à
condição de escravo por 12 anos nas grandes propriedades do sul esclavagista. O
momento em que pôde, de novo, assumir o seu nome e a sua condição livre, sem
medo de chicotadas, tem o sabor de um renascimento. E não consigo desligá-lo
desta identificação de Cristo com a humanidade decaída, na fila dos pecadores
para o baptismo de penitência de João, e com a voz de Deus que Lhe diz (e nos
diz): “Este é o meu Filho muito amado!”
Antes,
no domingo da Epifania, Vítor Gonçalves perguntava: “Que estrela?”
Numa
belíssima parábola sobre o propósito da vida o recente filme de Bem Stiller, “A
vida secreta de Walter Mitty” apresenta a história de um homem instalado que
vive sonhos de aventura sem nunca os realizar. E ainda que trabalhe numa
revista de fotografia que tem como lema, “Ver o mundo e os perigos que virão,
ver por trás dos muros, chegar mais perto, encontrar o outro e sentir. Esse é o
propósito da vida”, só a muito custo irá experimentar o risco e a mudança.
Claro que não é um mago à procura do presépio mas o brilho que lhe nasceu nos
olhos abre caminhos novos. Como é tão verdade a palavra insistente de
Jesus:“Procurai e achareis!”
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