Texto de Maria Wilton
“Desejamos ser uma Igreja de todos e com todos, que acolha a todos como irmãos,
que derrube barreiras físicas e psíquicas” diz o Serviço católico a Pessoas com Deficiência
(foto Josh Appel)
O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), da Igreja Católica, divulgou uma mensagem na qual diz que esta deve ser “uma Igreja mais inclusiva”. A propósito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, assinalado esta segunda-feira, 3 de dezembro, acrescenta o texto: “Desejamos ser uma Igreja de todos e com todos. Uma Igreja que acolha a todos como irmãos, cada vez mais inclusiva, que derrube barreiras físicas e psíquicas, que esteja atenta para ouvir cada um na sua singularidade.
Desejamos ser uma Igreja que permaneça companheira, pela vida fora, no calor da amizade e do abraço inclusivo.”
Como exemplo concreto, o SPPD diz que se deve “continuar a aprender Língua Gestual Portuguesa”. E refere dificuldades: “Temos boa vontade, mas ainda temos receios”, por vezes “quer-se apertar a mão e falta o jeito” e os reponsáveis da Igreja ainda falam “de forma complexa”.
Nessa missão de tornar a Igreja mais inclusiva, o Serviço Pastoral dirige-se às pessoas com deficiência, acrescentando: “Precisamos da vossa experiência de vida e conhecimento, da vossa persistência e resiliência, da vossa sabedoria de fazer acontecer o impossível, como possível.” E sublinha ainda que já há experiências positivas de acolhimento e inclusão “na catequese e em movimentos”, em instituições e em famílias “que, mesmo com limitações acentuadas, têm gosto por viver e nos agarram e levam pela mão”.
Este dia internacional foi proposto pelas Nações Unidas desde 1992 e tem o objetivo de apelar a uma maior sensibilidade para as questões da deficiência, promovendo a defesa da dignidade, dos direitos e do bem estar das pessoas. Este ano, o tema escolhido foi Capacitar pessoas com deficiência e assegurar a inclusão e igualdade.
Em Portugal, não há estatísticas oficiais. A nota do SPPD fala em um sexto da população, mas a TSF dizia que se estima que a percentagem de população com algum tempo de deficiência pode chegar a 10 por cento, mas que há ainda limitações básicas que impedem a igualdade de oportunidades.
A propósito do dia, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses enviou uma carta à ministra da Justiça, denunciando a falta de capacidade dos tribunais para receber cidadãos portadores de deficiência: 57 por cento dos edifícios não tem rampas de acesso nem condições de deslocação, no interior, para cadeiras de rodas; 87 por cento não tem condições de atendimento adaptadas; 67 por cento não tem instalações sanitárias adaptadas; e 28 por cento não tem elevadores.
Em Portugal, uma das iniciativas que marcou o dia foi a assinatura de 21 contratos de criação de Centros de Apoio à Vida Independente para as pessoas com deficiência. Estes centros estarão espalhados pelo país e são um projeto-piloto, que custará 27 milhões de euros e apoiará 722 pessoas.
Sábado, dia 1, o Papa Francisco recebera em audiência, no Vaticano, membros do Movimento Apostólico para Cegos, que comemoravam os 90 anos do nascimento da associação. O Papa argentino destacou que o carisma do movimento se baseia na “partilha entre os cegos, como fruto da solidariedade, em vista a um fecundo processo de inclusão eclesial e social, e na escolha dos pobres, que é própria da Igreja”.
O Papa já se pronunciou várias vezes acerca da importância de incluir pessoas com deficiência na Igreja Católica; o mais recente episódio ocorreu na passada quarta-feira, 28 de novembro, quando um menino autista invadiu o palco da Sala Paulo VI, durante a audiência geral. Francisco brincou com a situação, mostrou-se encantado com a liberdade indisciplinada da criança e aproveitou para recordar, a propósito, que Jesus afirmava que “devemos ser livres como as crianças”.
(A propósito deste tema, pode ler-se no DN uma reportagem com a família de Maria do Carmo e Rui Diniz: Sem ver, sem falar e quase sem andar, Bernardo foi adotado e mudou a vida de uma família.)
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