quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Opiniões públicas em vigílias e orações contra a guerra


(foto reproduzida daqui)

O jejum e a vigília convocados pelo Papa Francisco poderão ser um sinal forte da determinação das opiniões públicas contra a hipótese de mais uma intervenção armada. A concretizar-se, esta intervenção seguir-se-ia às sempre ambíguas posições da União Europeia e dos Estados Unidos – apoio não declarado a rebeldes armados, em lugar de uma acção decidida e eficaz no campo diplomático – e que, de novo, levaram a uma situação que se assemelha ao que já foi visto em Belgrado, no Afeganistão ou no Iraque, sem que a guerra tenha resolvido qualquer problema – bem pelo contrário...
Em Portugal, em simultâneo com a vigília de oração presidida pelo Papa na Praça de São Pedro (entre as 19h e as 24h), estão previstas várias iniciativas – a agência Ecclesia tem divulgado várias delas. Em Évora, um grupo de crentes e não-crentes mobilizou-se também para, entre as 21h e as 23h, na Igreja de São Vicente, fazer uma “vigília de reflexão e partilha”. A iniciativa incluirá o testemunho de Adel Sidarus, cristão copta, professor universitário de origem egípcia, e momentos de música e poesia.

A convocatória recorda as guerras mundiais e o seu nível de violência e destruição, bem como as intervenções armadas em países como o Afeganistão, o Iraque ou a Líbia, que não tiveram os resultados que sempre foram anunciados – antes agravaram os conflitos que se propunham extinguir. Por contraste, recorda-se o papel de Gandhi, Luther King, Mandela ou do movimento em defesa de Timor-Leste, que recusaram a luta violenta e conseguiram encontrar soluções de reconciliação e diálogo.



As vozes contra a hipótese de uma intervenção militar internacional na Síria multiplicam-se mesmo fora do âmbito católico. O apelo do Papa, feito domingo passado na recitação do Angelusseguia-se já à advertência do arcebispo de Cantuária, primaz da Comunhão Anglicana. Justin Welby avisara contra as “consequências imprevisíveis” que uma tal intervenção poderia ter.
Também o patriarcado ortodoxo de Moscovo criticou a eventual entrada dos Estados Unidos no conflito sírio: “Mais uma vez, como no caso do Iraque, os Estados Unidos comportam-se como o justiceiro internacional”, disse o metropolita Hilarion de Volokolamsk, responsável do departamento das relações públicas do patriarcado.
O geral dos jesuítas, padre Adolfo Nicolás, também é muito crítico da hipótese de uma intervenção. Em declarações ao ReligionDigital, diz que “os Estados Unidos da América devem deixar de actuar e reagir como o rapaz mais velho no bairro do mundo. E acusava quer os EUA quer a França, avançando com a intervenção militar, se tornarem responsáveis da barbárie a que seremos conduzidos”. 
O cardeal Louis Sako, líder católico no Iraque, lamenta que o Ocidente não tenha aprendido ainda com aquilo que aconteceu no seu próprio país. “ Uma intervenção militar por parte dos Estados Unidos matará muitos inocentes e destruirá infraestruturas e casas (pensem no caso do Iraque) e não se sabe suas consequências sobre a Síria e sobre os países vizinhos. Além disso, com que direito, primeiro, vendem armas à Síria e ao Iraque e depois os atacam?”, pergunta, numa entrevista que pode ser lida aqui.

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