Uma
carta a Vladimir Putin enquanto anfitrião do G-20 e uma reunião com todos os
embaixadores acreditados junto da Santa Sé, para lançar uma ofensiva
diplomática contra a possibilidade de uma intervenção militar na Síria. Estas
são as últimas iniciativas do Papa e do Vaticano para tentar travar a hipótese
do alargamento da guerra naquele país, nas vésperas da jornada de jejum e
oração, convocada pelo próprio Papa Francisco para o próximo sábado e que tem
merecido a adesão de muitas vozes – incluindo em Portugal, onde há várias
iniciativas previstas.
Na
carta que enviou a Putin – divulgada hoje mesmo, dia de início da cimeira de
São Petersburgo –, o Papa lança um forte apelo a que os líderes ali presentes
“ajudem a encontrar maneiras de superar as diferentes posições e abandonem
qualquer vã pretensão de uma solução militar”. Antes deve procurar-se “um novo
compromisso, com valentia de determinação, uma solução pacífica através do
diálogo e da negociação entre as partes interessadas, com o apoio unânime da
comunidade internacional”.
O
Papa Francisco escreve ainda que os líderes dos países do G-20 não podem
permanecer “apáticos perante o drama que vive” a população síria e que corre o
perigo de levar “novos sofrimentos a uma região submetida a duras provas e
necessitada de paz”. Desgraçadamente,
acrescenta, verifica-se que “demasiados interesses parciais prevaleceram desde
o início do conflito, impedindo que se encontrasse uma solução que evitasse o
inútil massacre de que estamos sendo testemunhas”. E apela ao “dever moral de
todos os governos do mundo”, no sentido de incentivar todas as iniciativas para
promover a assistência humanitária” às vítimas do conflito.
No texto, o Papa não deixa de fora a
urgência da reformulação do sistema financeiro internacional que ajude a
construir “um mundo mais igualitário e solidário, onde se possa acabar com a
fome, oferecer a todos um trabalho digno, uma habitação adequada e os cuidados
médicos necessários. “A economia mundial crescerá realmente na medida em que
seja capaz de permitir uma vida digna para todos os seres humanos”, acrescenta
a carta. “Sem paz, não há qualquer tipo de desenvolvimento económico. A
violência nunca traz a paz, condição necessária para tal desenvolvimento”,
conclui o documento, que pode ser lido aqui na íntegra, em inglês.
Na
reunião desta quinta-feira com os embaixadores junto da Santa Sé, o secretário
do Vaticano para as relações com os Estados, Dominique Mamberti, explicou
perante 71 embaixadores que se deve respeitar a integridade territorial da
Síria, garantir um lugar numa nova Síria a todos os sectores sociais do país –
incluindo aos cristãos e à minoria alauita – e dar passos no sentido de uma
nova constituição, do respeito pelos direitos humanos e da liberdade religiosa.
De
acordo com o La Croix, o
Vaticano defende ainda, no imediato, um cessar-fogo que permita a assistência
humanitária e médica à população vítima do conflito – que já provocou, desde há
dois anos e meio, mais de 100 mil mortos e para cima de dois milhões de
refugiados.
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