segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Músicas que falam com Deus (20) - Polifonias de vozes, polifonias de ritos


A Capella Duriensis foi criada em 2010, mas este primeiro volume da Música Sacra de Portugal é já um sólido cartão de apresentação. Dedicado ao rito bracarense, este disco é o primeiro de uma série que prevê divulgar também a música sacra portuguesa do Renascimento – e que inclui autores como Pedro de Cristo, Damião de Góis, Manuel Cardoso ou Duarte Lobo.

Neste primeiro disco, podemos escutar obras de Pero de Gamboa, Miguel da Fonseca e Lourenço Ribeiro, além de peças do Gradual de Braga, manuscrito que recolhe composições do século XI, guardado no arquivo distrital de Braga. O Gradual testemunha a antiguidade do rito bracarense e a sua importância litúrgica e musical, reconhecida em 1570, quando o Papa Pio V unificou os diferentes ritos europeus no rito romano, através da bula Quo primum tempore. Na ocasião, o rito bracarense foi um dos poucos (a par, por exemplo, do rito ambrosiano, de Milão) a ser reconhecidos como mais antigos e, por isso, passíveis de manterem a sua autonomia.

A Missa pro defunctis, de Lourenço Ribeiro, as peças para as festas de São Pedro de Rates e a Missa Quinque Plagarum ou ainda os motetos de Pero de Gamboa e as obras do Liber Introitus de Miguel da Fonseca são belos exemplos de uma polifonia que nos fala, também, de uma pluralidade e polifonia litúrgica que apenas confirma a riqueza da diversidade. (A audição do disco pode ser acompanhada da leitura do livro Pontifical de Luxo Brácaro-Romano – Ms. 870 do Arquivo Distrital de Braga [1485-1516], de Joaquim Félix de Carvalho, ed. Pedra Angular). Para mais informação sobre o disco e a Capella Duriensis, ver aqui

Intérpretes: Capella Duriensis
Direcção: Jonathan Ayerst

(Texto publicado na revista Mensageiro de Santo António, Setembro 2013)


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