Depois
de uma sexta-feira de jejum pela paz, o Cristo-Rei, de Almada,
ficará este
sábado “pintado” de vermelho,
para recordar os cristãos perseguidos (foto
reproduzida daqui)
Não disparar onde haja crianças, Stop.
Na glória não necessitamos de mais anjos.
(Gloria
Fuertes, “Telegrama Celestial para Lugares Conflituosos”, in Dios Sabe Hasta Geometria, ed. PPC. Madrid)Na glória não necessitamos de mais anjos.
A iniciativa proposta pelo Papa para hoje, de jejuar pela paz (e nomeadamente, pelos povos do Congo e Sudão do Sul, especialmente martirizados nos últimos meses), coincide com a sexta-feira da primeira semana da Quaresma, como o próprio Papa Francisco referiu. Este é um tempo, portanto, em que os cristãos são convidados a um exercício mais intenso de reflexão e oração em ordem à mudança de vida.
Comentando
um dos textos da liturgia católica de Domingo passado, o teólogo e assistente
pastoral Joaquim Nunes, que vive e trabalha na Alemanha, escrevia no seu blogue
precisamente sobre essa perspectiva da mudança de vida: “Seria bom que as
nossas práticas de quaresma e as mensagens de quaresma que produzimos não
esquecessem esta mensagem da ‘velha’ aliança que é hoje mais nova do que nunca:
somos testemunhas do amor de Deus que nos salva de graça e não precisa das
nossas penitências e continências para gostar de nós; e esta salvação é mesmo
para todos. Nós é que podemos precisar delas para continuar a viver de maneira
sustentável neste planeta, em fraternidade e em paz (em “aliança”) com Deus,
com os outros e com criação. A quaresma propõe-nos treinos de mudança
(metanoia) para uma vida neste sentido…” (texto disponível na íntegra aqui; o blogue tem este endereço).
Na
Quaresma, os católicos são convidados a abdicar de algumas coisas que
considerem supérfluas e, com o dinheiro que gastariam, ajudar outras pessoas e
causas que mais necessitem. Cada diocese destina, depois, o fruto dessa
renúncia quaresmal para um fim determinado. Neste ano, várias dioceses apoiarão
as vítimas dos incêndios de 2017 e os cristãos perseguidos em diversos países e
regiões do mundo, como resume esta notícia da Rádio Renascença.
Precisamente
para recordar os cristãos perseguidos, a imagem do Cristo-Rei, em Almada, e a Basílica dos Congregados, em Braga, serão
neste sábado, 24, iluminadas de vermelho, numa ideia dinamizada pela Ajuda à
Igreja que Sofre, que segue idênticas iniciativas que já “pintaram” de
vermelho o Coliseu de Roma ou diversas igrejas em Mossul (Iraque) e Alepo
(Síria). O patriarca da Igreja Católica dos caldeus, Louis Sako, enviou uma
mensagem de agradecimento aos portugueses que têm ajudado a reconstruir as
casas de muitos cristãos do seu país, destruída por anos de guerras na região.
Mas
servem a Quaresma e a renúncia quaresmal para mudar alguma coisa? Sobre a
renúncia quaresmal, escrevi há dez anos na Ecclesia um texto, questionando
alguns dos destinos dados aqueles fundos, que acabam por ficar para projectos
da própria diocese ou de estruturas internas da Igreja. Como há sempre algumas
dioceses que dirigem o dinheiro para causas mais “interiores”, penso que essa
reflexão se mantém válida. O texto pode ser lido aqui.
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