Autor de diversas obras
sobre fé e cultura contemporânea, o jesuíta irlandês Michael Paul
Gallagher morreu no dia 6 de Novembro. Nas livrarias portuguesas,
encontram-se acessíveis alguns dos seus livros: Livres para
acreditar. 10 passos para a fé (1); A surpreendente
novidade de Cristo. Sustentando a fé para o amanhã (2); e Mapas
de Fé. Dez exploradores religiosos, de Newman a Joseph Ratzinger (3),
acabado de editar. O seu funeral realizou-se ontem, terça, em Milltown.
No texto introdutório do
livro Mapas de Fé, Michael Paul Gallagher confessa não fazer ideia
de quantas horas de vida dedicou aos livros. “Ler foi uma parte importante da
minha infância na aldeia, nos anos anteriores à televisão”, relata o jesuíta
irlandês, que desde o seu noviciado se interessara pela literatura
renascentista, em Oxford, escrevendo mesmo uma tese sobre a retórica na poesia
de George Herbert. Mais recentemente, Gallagher tinha sido um dos membros da
comissão dos jesuítas para as comemorações dos 200 anos do restabelecimento da
Companhia de Jesus, em cujo contexto explicava as razões da sua
supressão.
Sobre o seu gosto pela literatura, o jesuíta explicava que “o que começou com Enid Blyton terminou com Balthasar, com anos de Brontë, Beckett e Bellow de permeio”. O caminho prosseguiu, conduzindo ao ensino de literatura no University College de Dublin, durante duas décadas. O contacto com os estudantes ajudou o também padre jesuíta: “Escutá-los era como viver no futuro: aprendi que as certezas da fé tradicional estavam em sério risco, não por causa de dificuldades intelectuais, mas por causa de uma nova cultura, envolvendo todo um conjunto de pressupostos sobre a vida que mudaram. Cresceu em mim uma paixão por fazer com que a fé fizesse sentido neste novo mundo”.
Sobre o seu gosto pela literatura, o jesuíta explicava que “o que começou com Enid Blyton terminou com Balthasar, com anos de Brontë, Beckett e Bellow de permeio”. O caminho prosseguiu, conduzindo ao ensino de literatura no University College de Dublin, durante duas décadas. O contacto com os estudantes ajudou o também padre jesuíta: “Escutá-los era como viver no futuro: aprendi que as certezas da fé tradicional estavam em sério risco, não por causa de dificuldades intelectuais, mas por causa de uma nova cultura, envolvendo todo um conjunto de pressupostos sobre a vida que mudaram. Cresceu em mim uma paixão por fazer com que a fé fizesse sentido neste novo mundo”.
Michael Paul Gallagher contava seguir de
Dublin para o Paraguai, mas seria em Roma que passaria os anos seguintes, quer
no Conselho Pontifício da Cultura, quer na Universidade Gregoriana, como
professor de Teologia, tarefa assaz moldada pelos anos de ensino da literatura,
o que, inicialmente, se afigurava uma desvantagem. Depois, o jesuíta
compreenderia que a literatura lhe oferecia uma ajuda, permitindo-lhe encarar
as questões da fé de um modo mais imaginativo.
Seria com essa
sensibilidade, moldada pela literatura e por anos de exposição a uma cultura
emergente, que Michael Paul Gallagher encararia a teologia e leria os grandes
pensadores do século vinte. Em Mapas de fé, encontram-se dez: John
Henry Newman, Maurice Blondel, Karl Rahner, Hans Urs von Balthasar, Bernard
Lonergan, Flannery O’Connor, Dorothee Soelle, Charles Taylor, Pierangelo
Sequeri e Joseph Ratzinger.
O livro abre com a voz da
poeta americana Mary Oliver: “Instruções para viver a vida: / Preste
atenção. / Surpreenda-se. / Fale sobre isso.” Os quatro versos não deixam de
oferecer uma síntese daquilo em Michael Paul Gallagher se empenhou.
(1) Coimbra: Edições
Tenacitas, 2010
(2) Braga: Apostolado da Oração, 2012
(3) Braga: Frente e Verso, 2015
Texto anterior no blogue:
O pouco, a pessoa, os 800 anos e Rio de Onor - as crónicas de Vítor Gonçalves, Anselmo Borges, Bento Domingues e Calado Rodrigues
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