Judeus, cristãos, budistas e
hindus estiveram ontem na Mesquita Central de Lisboa, para um tempo de oração inter-religiosa
promovido pela Comunidade Islâmica de Lisboa. O encontro terminou com os
diversos representantes a rezar em conjunto uma oração universal:
Senhor, Tu és a fonte da vida e da paz;
Louvado seja o Teu Nome para sempre;
Sabemos que Tu orientas as nossas mentes para pensamentos de paz;
Ouve as nossas preces em tempos de crise;
O Teu poder transforma os nossos corações.
Os outrora inimigos começam a dialogar entre si;
Aqueles que estavam em desavença juntam as suas mãos em amizade e
fraternidade;
Juntas, nações anseiam por caminhos de Paz.
Que Deus, Nosso Senhor, fortaleça a nossa determinação para dar
testemunho destas verdades pela forma como vivemos, fortifique a nossa
determinação para evidenciar estas verdades através das nossas acções.
Senhor dos mundos, Tu que és Criador do Universo e de toda a
Humanidade, dos filhos de Abraão e de todos os outros homens e mulheres,
qualquer que seja a sua fé e mesmo daqueles que não têm qualquer fé ou
convicção religiosa,
Dai-nos:
Sabedoria para distinguir o bem do mal;
Compreensão para acabar com os conflitos;
Compaixão para apagar o ódio;
Perdão para superar a vingança;
Amor para compreender e amar o outro.
Faz com que todos os povos vivam de acordo com a Tua Lei do Amor.
Que Deus, beneficiente e misericordioso, nos guie a todos pelo bom
caminho e nos ajude a edificar um mundo em que estejamos todos irmanados em
Deus.
Uma reportagem fotográfica do
acontecimento pode ser vista aqui. E também no santuário do
Cristo-rei decorreu uma oração pela paz no mundo, que teve a participação de cerca
de 300 pessoas.
Na crónica deste Domingo, no Público, frei Bento Domingues escreve
sobre os atentados de Paris, com o título Dois
pesos e duas medidas, não!:
O mais espantoso é o seguinte: investigada sob todos os aspectos, desde
o começo do Concílio Vaticano II, a declaração Dignitatis Humanae, sobre a
liberdade religiosa, encontrou tantos obstáculos que só foi aprovada a 7 de
Dezembro de 1965, apenas um dia antes do seu encerramento por Paulo VI. Seremos
capazes de imaginar, hoje, a Igreja Católica contra a liberdade religiosa?
Dir-se-á que é um texto menor comparado com as grandes constituições do
Concílio. Sem estas não teria sido possível, mas é esta breve declaração que
constitui o contributo maior do catolicismo para o diálogo entre os povos e
entre as religiões.
Enquanto os países de maioria islâmica não deixarem praticar, nos seus
espaços, a liberdade religiosa que para si reivindicam, estão a exigir que
entre os seres humanos haja dois pesos e duas medidas. É a desumanidade. Não é
bonito.
(texto na íntegra aqui)
No semanário francês La Vie, Jean-Pierre Denis escreve sobre o regresso
do sagrado após os massacres de Paris.
“O imaginário das
‘cruzadas’ referido pelo Daech passou desapercebido aos comentadores franceses
[e portugueses, poderia acrescentar-se]. O comunicado da organização terrorista
é, no entanto, claro: Paris é a ‘capital das abominações e da perversão, aquela
que leva a bandeira da cruz na Europa’. O totalitarismo islamita inculto com o
qual estamos confrontados não tem senão um frágil conhecimento da história das
relações entre Oriente e Ocidente.
(...) Mas os atentados de 13 de Novembro fizeram surgir igualmente um
sagrado mais explícito. Não o notamos, mas em menos de um ano passámos, nas
redes sociais, da expressão ‘Je suis Charlie’ a ‘Pray for Paris’. Ninguém
decretou a amplitude deste tipo de manifestação, e gostaríamos de compreender
quem as propõe e como elas se impõem.(...)
(Texto, em francês, na íntegra aqui)
Texto anterior no blogue
Violência nas religiões e o reino de Jesus - crónicas de Anselmo Borges e Vítor Gonçalves
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