sábado, 22 de março de 2014

As resistências ao Papa Francisco e o défice de corresponsabilidade


(foto reproduzida daqui)

Ontem, a Fortune publicou a sua lista das personalidades que considera mais influentes no mundo; o Papa Francisco surge em primeiro lugar, num inventário que inclui o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, também entre os dez primeiros. A lista pode ser consultada aqui e uma notícia em castelhano pode ser lida aqui.

 No Vatican Insider, há uma entrevista a Andrea Riccardi, presidente da Comunidade de Santo Egídio, de Roma. Nela, o também historiador diz que “durante o século XX nenhum Papa teve tantas resistências como Francisco” e elas são “sinal de que o Papa está mudando a Igreja”. E explica: “Francisco encontra-se perante resistências internas nas estruturas eclesiásticas, nos episcopados e no clero. Enquanto é evidente a aliança que se instaurou com o povo.”
A lua de mel, diz ainda Riccardi, “não acabou porque não é um fenómeno mediático, mas algo que vai muito mais além, pois tem muita substância”. E conclui o historiador: Claro, o passo necessário na Igreja é receber o que Francisco oferece como testemunho e um modelo de evangelização e de pastoral que propõe. É um modelo verdadeiramente à altura dos desafios da nossa época aquele coloca um Papa que nasceu, viveu e foi bispo de uma megalópole como Buenos Aires.
A entrevista pode ser lida aqui na íntegra, em castelhano.

Qual é a novidade que o Papa Francisco pode trazer? “Não é tanto o varrer a Cúria. É uma nova forma de governar esta universalidade”, diz o historiador António Matos Ferreira, num programa de Rosário Lira, na Antena 1, dedicado ao primeiro ano de pontificado do Papa Francisco. Matos Ferreira acrescenta: “E esse seria um contributo não só para a Igreja Católica, mas também para a ordem internacional. Porque há um défice hoje não de descentralização, mas de corresponsabilidade, de real participação de todos.”
O programa O primeiro ano de Francisco conta com entrevistas a diversas personalidades. O patriarca de Lisboa diz que, com Francisco, a grande diferença é o descentramento da Igreja: “Não podemos deixar as coisas como estão, (...) temos de voltar às periferias onde o cristianismo nasceu.”
Borges de Pinho, professor de Teologia Ecuménica, afirma que, com o Papa Francisco, “a Igreja Católica vai repensar algumas maneiras de agir”, nomeadamente a nível da “descentralização”.
O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, diz que a eleição de Francisco “trouxe uma nova primavera para a Igreja”. E recorda que, quando estava iminente o alastramento da guerra na Síria, a convocação de um dia de jejum “anulou as intenções de guerra”.
O xeque David Munir, da Comunidade Islâmica, afirma esperar que o braço que o Papa “estendeu para as outras confissões se mantenha estendido”.
Participam ainda outros convidados, entre os quais os padres jesuítas Alberto Brito (ex-provincial da Companhia de Jesus em Portugal) e António Vaz Pinto e alguns jovens que participaram nas Jornadas Mundiais da Juventude, no Rio de Janeiro. O programa pode ser escutado aqui.

Sem comentários: