segunda-feira, 3 de março de 2014

Europa, o ser humano e divorciados

Crónicas

No seu texto de domingo no Público, que pode ser lido aqui na íntegra, frei Bento Domingues fala da Europa, sob o título “O ser humano tem cura”:

A Europa não é o mundo nem pode ser uma fortaleza, um mar de morte, e o Mediterrâneo, um cemitério. Reconhecido ou negado, o ser humano existe nos seres humanos. Em todos.
Conta Fr. Bartolomeu de Las Casas, na sua História das Índias, que no dia 21 de Dezembro de 1511, Fr. Antón Montesinos subiu ao púlpito, levando mandato de toda a comunidade dominicana da Isla Española, para, como voz de Cristo, tomar a defesa pública dos índios explorados: “esta voz, disse ele, declara que todos estais em pecado mortal e nele viveis e morrereis, pela crueldade e tirania que usais com estas inocentes gentes. Dizei-me: com que direito e com que justiça tendes estes índios em tão cruel e horrível servidão? Com que autoridade fizestes tão detestáveis guerras a estas gentes que estavam nas suas terras, mansas e pacíficas, onde consumistes um número infindável delas, com mortes e estragos nunca ouvidos? Como é que os tendes tão oprimidos e esgotados, sem lhes dar de comer nem curar as suas doenças, que pelos excessivos trabalhos a que os sujeitais, vos morrem, melhor será dizer, os matais, para arrancarem e conseguirem ouro todos os dias. (…) Estes não são homens? Não têm almas racionais? Não sois obrigados a amá-los como a vós mesmos? Não entendeis isto? Não sentis isto? Como estais adormecidos num sono tão profundo e letárgico? (…)
O ser humano tem cura, mas precisa de tomar os remédios. Quais?

Sexta-feira passada, na sua crónica do CM que pode ser lida na íntegra aquiFernando Calado Rodrigues abordou a questão dos divorciados na Igreja Católica:

O Papa Francisco felicitou [o cardeal Walter] Kasper pela sua exposição e deu, assim, um sinal claro que está aberto a que se altere a práxis em relação aos divorciados a viverem uma nova união. É evidente que a Igreja não vai deixar de propor o ideal de uma família estável gerada a partir de um compromisso para toda a vida. Contudo, não pode continuar insensível ao drama daqueles a quem é vedado o acesso aos sacramentos, pelo facto de o seu matrimónio ter falhado e de terem reconstruído a vida com outra pessoa.

Não será uma tarefa fácil, mas, ao que parece, conta com o apoio do Papa que solicita uma “pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor” para a família.

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